Ciência

Estudo revela segundo caso de paciente que se curou da Aids sem remédio

A paciente “Esperanza” ficou livre do vírus HIV sem o uso de terapia antirretroviral e, o mais incrível, conseguiu acabar com o chamado reservatório viral em seu organismo

Por João Paulo Martins  em 16 de novembro de 2021

(Foto: Pixabay)

 

Um estudo publicado nesta terça (16/11) na revista científica Annals of Internal Medicine apresenta o caso de uma paciente que está sendo considerada a segunda pessoa a se curar da Aids de forma “natural”.

Como se sabe, quando o vírus HIV se instala no corpo, ele cria cópias de seu DNA dentro das células, gerando o reservatório viral. Com isso, o micro-organismo consegue evitar o ataque dos medicamentos e do sistema imunológico.

Na maioria das pessoas, novas partículas virais são constantemente criadas nesse reservatório. Quando o paciente usa a terapia antirretroviral, evita a produção de novos vírus, mas não elimina o reservatório, necessitando de tratamento diário para suprimir a reprodução do HIV.

Segundo o site de notícias médicas Medical Xpress, algumas pessoas possuem sistemas imunológicos capazes de suprimir o vírus da Aids sem necessidade de remédio. Embora ainda mantenham o reservatório viral, possuem um tipo de célula de defesa chamada célula T assassina, que é capaz de suprimir o micro-organismo sem o uso de medicação.

Na pesquisa recém-publicada, cientistas avaliaram uma paciente que não tinha o DNA do HIV em suas células, indicando que seu sistema imunológico pode ter eliminado o reservatório do vírus. Isso é chamado de cura esterilizante, informa o site.

A equipe de pesquisadores sequenciou 1,19 bilhão de hemácias e 500 milhões de células de tecido dessa paciente, chamada de Esperanza no estudo, procurando por qualquer sinal do HIV que pudesse ser usado na criação de novos vírus, mas não encontrou nada.

É a segunda vez na história que um aidético consegue se recuperar da doença de de forma natural, esclarece o Medical Xpress.

“Essa descoberta, especialmente com a identificação de um segundo caso, indica que pode haver um caminho acionável para uma cura esterilizante em pessoas que não são capazes de fazer isso por conta própria”, comenta a pesquisadora Xu Yu, do hospital Brigham and Women’s, de Boston (EUA), uma das autoras do estado, citada pelo site especializado.

Ainda de acordo com a especialista, se pudermos entender os mecanismos imunológicos associados a essa resposta imunológica das células T assassinas, será possível desenvolver tratamentos que ensinem o organismo de outros pacientes a imitar essas respostas em casos de infecção pelo HIV.

“Estamos agora olhando para a possibilidade de induzir este tipo de imunidade em pessoas em tratamento antirretroviral por meio da vacinação, com o objetivo de educar seus sistemas imunológicos para serem capazes de controlar o vírus sem a terapia”, completa Xu Yu ao Medical Xpress.

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