Ciência

Estudo revela que múmia italiana do século XVI morreu por infecção causada por uma bactéria muito conhecida

Análise de DNA revelou que o nobre Giovani d’Avalos, que faleceu em 1586, na Itália, foi vítima de uma infecção estomacal causada pela E. coli

Por João Paulo Martins  em 17 de junho de 2022

Múmia de Giovani d’Avalos, do séxulo XVI, que forneceu material para a análise de DNA da bactéria (Foto: Universitá di Pisa/Divulgação)

 

Em estudo publicado na última quinta (16) na revista científica Communications Biology, cientistas analisaram o material genético da bactéria E. coli (Escherichia coli), retirada de uma múmia de mais de 400 anos.

“É uma bactéria comum encontrada no microbioma intestinal de vertebrados, que também pode se tornar um patógeno oportunista em condições específicas. A E. coli tem um impacto tão grande em nossos sistemas de saúde que é objeto de vários esforços de desenvolvimento de vacinas para mitigar os efeitos das cepas mais patogênicas. Tendo sido responsável por vários surtos de intoxicação alimentar e tornando-se um dos principais patógenos de mortes causadas por resistência antimicrobiana, a E. coli é, portanto, uma bactéria-chave utilizada na vigilância em saúde pública”, afirmam os pesquisadores no estudo recém-publicado.

Como mostra o site americano Business Insider, a equipe internacional de pesquisadores analisou os restos mumificados de um nobre italiano do período renascentista, cujo corpo bem preservado foi recuperado junto com outros nobres na abadia de San Domenico Maggiore, em Nápoles, Itália, em 1983. Giovani d’Avalos, que “cedeu” a amostra para análise da bactéria, tinha 48 anos quando morreu em 1586, do que se acreditava ser uma inflamação crônica da vesícula biliar, devido a cálculos biliares.

Embora o genoma dessa E. coli fosse único, o estudo revela que evolutivamente é semelhante às bactérias que ainda causam cálculos biliares atualmente. A maioria das cepas desse micro-organismo é inofensiva, mas algumas resultam em infecções graves. Mas, como são problemas estomacais, não deixa sinais visíveis ao olho humano.

“Quando estávamos examinando esses restos mortais, não havia evidências para dizer que esse homem tinha E. coli. Ninguém sabia o que era. Até que conseguimos identificar que era um patógeno oportunista, investigar as funções do genoma e fornecer diretrizes para ajudar os pesquisadores a entenderem como explorar outros patógenos ocultos”, comenta o pesquisador George Long, da Universidade McMaster, do Canadá, principal autor do estudo, citado pelo Business Insider.

Agora, os cientistas esperam que a compreensão do genoma de um ancestral da versão moderna da E. coli ajude os futuros cientistas a desvendar como as bactérias evoluíram ao longo do tempo.

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