Ciência

Estudo relaciona noites mal dormidas à demência

Problemas no sono de pessoas com 50 e 60 anos poderiam levar à doença neurológica associada ao Mal de Alzheimer

Por João Paulo Martins  em 22 de abril de 2021

(Foto: Freepik)

Grande parte dos fatores de risco para demência estão fora de nosso controle, como idade e genética. Mas um estudo publicado na última quarta (21/4) na revista científica Nature Communications afirma que dormir bem pode ajudar pessoas com 50 ou 60 anos a prevenir o problema neurológico associado ao Mal de Alzheimer.

A pesquisa acompanhou quase 8.000 voluntários no Reino Unido durante 25 anos e descobriu que os participantes de meia-idade que dormiam por seis horas ou menos tinham um risco cerca de 30% maior de desenvolver demência do que aqueles que passavam sete ou mais horas sonhando.

Estimativa do Ministério da Saúde aponta a existência de 1,2 milhão de casos da doença no Brasil, sendo a maioria sem o devido diagnóstico.

Relação entre sono e demência

O estudo recém-publicado não é o primeiro a estabelecer uma ligação entre quantidade e qualidade do sono e o surgimento da demência, mas é um dos maiores a fazer isso, de acordo com a especialista em sono Stephanie Stahl, da ONG Indiana University Health (EUA), que não participou da pesquisa, citada pelo site americano HuffPost.

“Nós sabemos que dormir pouco ou com má qualidade aumenta o risco de demência. Esse é um estudo em maior escala, então definitivamente agrega valor às evidências”, comenta a especialista ao site de notícias.

Os pesquisadores ainda estão descobrindo como exatamente ocorre a conexão entre o sono e o aparecimento da demência, mas eles têm várias teorias em mente.

“Durante o sono, nosso cérebro pode eliminar toxinas e isso inclui beta-amiloide”, explica Stahl ao HuffPost. A beta-amiloide é uma proteína do cérebro que pode se agrupar e é normalmente associada ao Mal de Alzheimer.

Além disso, dormir adequadamente é importante para consolidarmos as memórias, acrescentou a especialista. “A interrupção do sono leva à inflamação e pode causar entupimento das artérias, incluindo as que irrigam o cérebro”, completa Stephanie Stahl.

O artigo da Nature Communications alerta que mais investigações são necessárias para se entender a relação entre o sono e a demência.

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