Ciência
Esponja do mar possui substância que mata células do câncer, diz estudo
Nos testes, cientistas descobriram que a fascaplisina pode ser sintetizada e transformada num componente capaz de combater o tumor na próstata
Cientistas descobriram que a esponja do mar possui um componente químico capaz de destruir células cancerosas. Os resultados foram publicados no final de 2020 na revista científica Marine Drugs.
Pesquisadores russos e alemães isolaram o composto 3,10-dibromofascaplisina da esponja Fascaplysinopsis reticulata e o sintetizaram quimicamente. Eles o testaram várias células de câncer de próstata, incluindo as resistentes à quimioterapia, informa o site americano de notícias médicas Medical News Today.
De acordo com o estudo, a fascaplisina força a eliminação das células do tumor por meio de um mecanismo de morte celular programada. O composto sintetizado funciona bem em combinação com vários medicamentos anticâncer já aprovados, diz o site.
Não é a primeira vez que esse componente da esponja do mar é usado como remédio. A fascaplisina é conhecida desde 1988, revela o Medical News Today, e já se sabe que possui efeito antifúngico, antibacteriano, antiviral e antimalárico.
Em 2017, pesquisadores russos publicaram um estudo no periódico científico Onology Letters mostrando que os derivados da fascaplisina são capazes de matar células de glioblastoma multiforme – um tipo agressivo de câncer no cérebro.
Na pesquisa atual, os cientistas conseguiram, pela primeira vez, uma boa quantidade de 3-bromofascaplisina e 3,10-dibromofascaplisina, que foram usados para sintetizar as substâncias 14-bromoreticulatato e 14-bromoreticulatina.
Segundo o site especializado, a 14-bromoreticulatina se mostra efetiva no combate à Pseudomonas aeruginosa, uma bactéria resistente a muitos antibióticos. Eles também relataram que a 3,10-dibromofascaplisina foi capaz de afetar a atividade metabólica das células do câncer de próstata.
Agora, os pesquisadores tentam descobrir como a 3,10-dibromofascaplisina afeta as células normais. Conforme o Medical News Today, a fascaplisina é extremamente tóxica para as células saudáveis, o que, até agora, tem limitado seu uso como medicamento.
“Em nosso laboratório, estamos tentando modificar a estrutura desses compostos para reduzir seu efeito citotóxico nas células normais, enquanto mantemos o efeito antitumoral necessário. O objetivo é criar uma substância para terapia direcionada, com um mínimo de efeitos colaterais”, explica o pesquisador Maxim Zhidkov, da Universidade Federal do Extremo Oriente, da Rússia, um dos autores do estudo, citado pelo site americano.
A estimativa é que daqui a 10 ou 15 anos as pesquisas resultem no desenvolvimento de um novo remédio á base do composto encontrado na esponja do mar.