Ciência

Encontrada na Austrália a cápsula de césio-137, após seis dias de buscas pelo material radioativo

Menor que uma moeda, a cápsula contendo o material radioativo tem apenas 8 mm por 6 mm e caiu de um caminhão na região de Perth

Por João Paulo Martins  em 01 de fevereiro de 2023

A cápsula de césio-137 que causou tanta preocupação na Austrália é pouco menor que uma moeda (Foto: Department of Fire and Emergency Services/Divulgação)

 

Autoridades da Austrália passaram seis dias de buscas incessantes em uma remota rodovia para encontrar a pequena cápsula radioativa que desapareceu após cair de um caminhão. O minúsculo material foi encontrado na beira da estrada, em um ato de sorte, já que a procura foi considerada muito desafiadora, comparada a tentar achar uma “agulha em um palheiro”.

Segundo a emissora americana CNN, agentes do Departamento de Emergência e Incêndio da Austrália anunciaram a descoberta na tarde (horário local) desta quarta (1/2), seis dias depois que a cápsula contendo césio-137, altamente radioativo, caiu de um pacote que estava sendo transportado de uma mina da empresa Rio Tinto, no norte da Austrália Ocidental, para a cidade de Perth.

“Localizar esse objeto foi um desafio monumental – os grupos de busca literalmente encontraram a ‘agulha no palheiro’”, comenta o secretário estadual dos Serviços de Emergência, Stephen Dawson, citado pela emissora.

O desaparecimento da cápsula de apenas oito milímetros por seis milímetros desencadeou uma busca massiva na rodovia com unidades especializadas na detecção de material radioativo. Além disso, foi emitido um alerta para a população não se aproximar da região, já que a radiação é extremamente perigosa em contato com a pele.

De acordo com a CNN, a cápsula de césio-137 deve ter caído da traseira de um caminhão enquanto era transportada por 1.400 km ao longo da Grande Rodovia do Norte a partir da mina.

 

Agentes do Departamento de Emergência e Incêndio encontraram a cápsula após seis dias de buscas (Foto: Department of Fire and Emergency Services/Divulgação)

 

A Rio Tinto, citada pela emissora americana, informa que o material radioativo integrava um medidor usado na mina de minério de ferro Gudai-Darri e que é comum o transporte e o armazenamento de objetos perigosos como parte de seus negócios. Ela diz ainda que contrata empreiteiros especializados para lidar com materiais radioativos.

Em um comunicado divulgado nesta quarta, o presidente-executivo da mineradora, Simon Trott, diz que a empresa está “incrivelmente grata” pelo trabalho realizado para encontrar a cápsula e volta a pedir desculpas à comunidade pelo ocorrido.

“Embora a recuperação da cápsula seja um grande testemunho da habilidade e tenacidade da equipe de busca, o fato é que, antes de mais nada, ela nunca deveria ter sido perdida. Estamos levando esse incidente muito a sério e estamos realizando uma investigação completa e minuciosa sobre como aconteceu”, afirma o executivo, citado pela CNN.

As autoridades australianas dizem que a cápsula de césio-137 teria sido encontrada às 11h13 (horário local) desta quarta, a dois metros da rodovia, ao sul da pequena cidade de Newman. Uma zona de exclusão de 20 metros foi montada ao redor do material antes de ser transferido para um contêiner de chumbo e levado para uma instalação de segurança.

 

(Foto: Department of Fire and Emergency Services/Divulgação)

 

Entenda o caso

 

O Departamento de Emergência e Incêndio deu o alerta do desaparecimento da perigosa cápsula na última sexta (27/1). O risco de vazamento do material radioativo era maior para os moradores do subúrbio a nordeste Perth, onde vivem cerca de dois milhões de pessoas.

Segundo as autoridades, a cápsula foi colocada dentro de um pacote para ser transportada em 10 de janeiro e recolhida da mina Gudai-Darri, da Rio Tinto, em 12 de janeiro, por uma empresa terceirizada.

O caminhão passou quatro dias na estrada e chegou a Perth em 16 de janeiro, mas só foi descarregado para inspeção na última quarta (25/1) – quando foi constatado o sumiço da cápsula.

O incidente foi um choque para os especialistas, que disseram que o manuseio, transporte, armazenamento e descarte de materiais radioativos, como o césio-137, são regulamentados por rígidos protocolos de segurança.

Como lembra a CNN, esse elemento radioativo pode criar sérios problemas de saúde para as pessoas que entram em contato com ele: queimaduras por exposição, doença de radiação e riscos de câncer potencialmente mortais, especialmente para quem tiver contato prolongado com o césio-137.

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