Ciência

É verdade que cães pequenos são mais agressivos?

Segundo a ciência, tamanho físico e genética seriam alguns dos fatores responsáveis pela maior agressividade de raças como chihuahua

Por João Paulo Martins  em 11 de junho de 2021

(Foto: Freepik)

Normalmente, cachorros grandes e musculosos como rottweilers e pitbulls parecem ser ameaçadores, mas evidências apontam que os cães menores é que realmente podem ser mais agressivos.

Para ser considerado de raça de pequeno porte, o cachorro deve ter menos de 9 kg, segundo o pesquisador James Serpell, da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, autor de um estudo de 2008 publicado na revista científica Applied Animal Behavior Science, que trata da relação entre tamanho e agressividade desse tipo de pet.

A pesquisa, que entrevistou tutores de animais de mais de 30 raças, mostra que dachshunds (salsicha ou cofap), chihuahuas e jack russell, por exemplo, são os mais propensos a tentar morder.

Outros comportamentos agressivos observados em cães pequenos incluem rosnados e ataques.

O porte físico pode deixar os pets mais temerosos e, por isso, usam a agressividade como autodefesa, de acordo com James Serpell em entrevista ao site de notícias científicas LiveScience. As raças pequenas são mais propensas a reagir defensivamente porque têm mais a temer.

Alternativamente, a reação dos cachorros menores pode ser resultado do comportamento de seus donos. “Os tutores tendem a infantilizar raças pequenas e considerá-las ‘bebês indefesos’”, diz o cientista ao site especializado.

Os donos de animais de estimação podem ser excessivamente protetores quando se trata de raças de pequeno porte. Portanto, não conseguem socializá-los ou ensiná-los a reagir adequadamente a situações estressantes.

Fator genético da agressividade do pet

Segundo James Serpell, a agressividade também pode estar ligada à evolução das raças. “Se você for atacado por um chihuahua, obviamente as consequências são muito menos significativas do que se for atacado por um cão dinamarquês ou um husky siberiano”, explica o pesquisador.

Em outras palavras, ao longo dos milênios, os humanos podem ter gerado comportamentos agressivos de cães pequenos porque as consequências não eram tão terríveis quanto dos animais de grande porte.

Essa teoria é apoiada por outros estudos que encontraram uma ligação entre o comportamento agressivo e o gene do fator de crescimento dos cachorros menores. A associação pode ser uma coincidência, mas a pesquisa de 2008 mostra que as raças de pequeno porte não são apenas mais radicais em seus comportamentos relacionados à agressão: comparadas às maiores, elas tendem a ter ansiedade de separação mais severa, geralmente latem mais e são mais propensas a urinar em casa.

Ao LiveScience, James Serpell revela que ainda assim, os cientistas não têm certeza de quais teorias estão corretas porque não conseguiram estudar a raiz do comportamento agressivo de cães pequenos. Algumas raças menores são exceção à regra, explica o pesquisador da Universidade da Pensilvânia.

Um exemplo é a coton de tulear, também conhecida como cachorro real de Madagascar. Os cães dessa raça são pequenos, brancos e fofos, parecidos com o bichon frisé.

“Por alguma razão, essa raça parece ser bastante moderada em geral, mas também tem todos os tipos de problemas médicos. Não está claro se eles não possuem fator genético crítico ou se está relacionado ao fato de serem menos saudáveis e, portanto, terem menos capacidade física de agressão”, afirma Serpell ao site.

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