Ciência

Diretor da Nasa alerta que a China pode tentar tomar posse de território na Lua

Bill Nelson acredita que os EUA já estejam enfrentando uma corrida espacial com os chineses

Por João Paulo Martins  em 02 de janeiro de 2023

(Foto: Nasa/GSFC/Arizona State University/Divulgação)

 

Como se sabe, durante a chamada Guerra Fria, os EUA e a antiga União Soviética não travaram apenas uma luta armamentista, mas disputaram também a “conquista” do espaço. Os soviética foram os primeiros a colocar um homem em órbita (o cosmonauta Yuri Gagarin, em 1961), mas os americanos conseguiram aterrissar na Lua em 1969, como parte da missão Apollo 11. Agora, o chefe da Nasa alerta que a China pode tentar reivindicar território na Lua se vencer os EUA na criação de bases permanentes na superfície lunar.

Citado pelo jornal britânico The Independent, Bill Nelson, que assumiu o comando da agência espacial americana em 2021, acredita que os EUA estão em uma nova corrida espacial com os chineses e que as tensões geopolíticas entre os dois países podem se estender até a Lua.

“É um fato, estamos em uma corrida espacial. A verdade é que é melhor tomar cuidado para que eles [chineses] não conquistem um lugar na Lua com a desculpa de fazer pesquisa científica. Pode ser que eles digam: ‘Fique longe, estamos aqui, este é o nosso território’”, diz o diretor da Nasa, citado pelo jornal britânico.

Quem também está preocupado com a “potencial ofensiva” da China é o ex-comandante da Estação Espacial Internacional (International Space Station), Terry Virts.

Esses comentários surgem após o Departamento de Defesa dos EUA divulgar um relatório detalhando o estado atual do programa espacial da China, incluindo a capacidade de desenvolver espaçonaves que podem levar seres humanos até o “lado escuro” da Lua.

O documento de 196 páginas, publicado em novembro, também prevê as intenções do presidente Xi Jinping, bem como a possibilidade de ocorrer a segunda corrida espacial.

“O objetivo de Pequim é se tornar uma verdadeira potência espacial, totalmente capacitada. Seu programa espacial está em rápido crescimento – perdendo apenas para os Estados Unidos em número de satélites operacionais. É uma fonte de orgulho nacional e parte do ‘sonho chinês’ pretendido pelo presidente Xi Jinping, que estabelece a China como poderosa e próspera”, diz o relatório do governo americano, citado pelo The Independent.

O texto lembra ainda que os chineses estão desenvolvendo outras tecnologias sofisticadas baseadas no espaço, como inspeção e reparo de satélites. "Pelo menos algumas dessas habilidades também podem funcionar como arma”, alerta o documento do Departamento de Defesa dos EUA.

Após a divulgação do relatório, um porta-voz da embaixada da China em Washington (EUA) disse: “Alguns funcionários dos EUA tentaram, de forma irresponsável, deturpar os esforços espaciais normais e legítimos da China. A China sempre defende o uso pacífico do espaço, se opõe ao armamento e à corrida armamentista. E trabalha ativamente para construir uma comunidade com um futuro compartilhado da humanidade no domínio do espaço”.

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