Ciência

Desgaste em dente de macaco-japonês pode mudar a evolução humana, diz estudo

Cientistas descobriram que certas marcas nos dentes de macacos da ilha japonesa de Koshima são idênticas à usadas em fósseis humanos para identificar a cultura da época

Por Da Redação  em 08 de março de 2022

As marcas encontradas nos dentes dos macacos-japoneses (esq.) pode causar uma mudança na evolução humana (Foto: Ian Towle et ali./American Journal of Biological Anthropology/Divulgação)

 

Cientistas encontraram marcas incomuns nos dentes de macacos-japoneses (Macaca fuscata) da ilha Koshima e isso pode ter implicações significativas para entender a evolução humana.

Até agora, segundo o jornal britânico The Independent, sinais incomuns de desgaste só haviam sido encontrados em dentes humanos e eram usados como evidência do uso de utensílios por nossos ancestrais, com especialistas argumentando que eles foram formados pela maneira como os povos antigos processavam peles de animais com a ajuda de seus dentes.

Em pesquisas anteriores, arqueólogos encontraram sulcos verticais em dentes humanos antigos, que se acredita serem causados por utensílios colocados entre os dentes de trás para remover restos de comida ou aliviar a dor.

Mas estudo publicado dia 1º de março na revista científica American Journal of Biological Anthropology encontrou o mesmo desgaste em dentes de macacos-japoneses que não usam ferramentas.

Nessa espécie, os pesquisadores acreditam que a “ingestão acidental de areia” e o hábito de comer moluscos marinhos podem ser a causa das marcas verticais.

Eles acreditam que a interpretação de desgaste semelhante em amostras humanas pré-históricas como indicativo de uso de utensílios “pode precisar de revisão”.

“Até agora, os arranhões nos dentes da frente de fósseis de humanos eram considerados resultado de um comportamento chamado ‘segurar e cortar’, no qual um item como uma pele de animal é mantido entre os dentes da frente e uma ferramenta de pedra é usada para cortar”, comenta o pesquisador Ian Towle, da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, um dos autores do estudo, citado pelo The Independent.

Segundo os cientistas, os sulcos verticais nos dentes de trás e os grandes arranhões uniformes nos dentes da frente dos macacos foram causados pela ingestão de mariscos e mastigação acidental de areia.

Apesar de essa espécie ser famosa por comportamentos curiosos, como lavar alimentos na água e consumir peixes, ela nunca foi vista usando ferramentas ou outros itens que possam causar o desgaste incomum dos dentes.

“O desgaste incomum nos dentes de nossos ancestrais é considerado exclusivo dos humanos e demonstra tipos específicos de uso de ferramentas. Esses tipos de desgaste também foram considerados algumas das primeiras evidências de hábitos culturais de nossos ancestrais. No entanto, nossa pesquisa sugere que essa ideia pode de revisão, pois descrevemos desgaste dentário idêntico em um grupo de macacos selvagens que não usam ferramentas”, explica Ian Towle, citado pelo jornal britânico.

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