Ciência

Cutucar o nariz pode aumentar risco de se desenvolver Alzheimer, diz estudo

Cientistas descobriram que uma bactéria pode usar o nariz como rota para o cérebro de cobaias, e gerar uma infecção associada ao Alzheimer

Por João Paulo Martins  em 28 de outubro de 2022

(Foto: Freepik)

 

Cutucar o nariz rotineiramente pode parecer algo inofensivo, mas não é o que mostra um estudo publicado no início de 2022 na revista científica Scientific Reports. Pesquisadores da Universidade Griffith, da Austrália, por meio de teste com camundongos, descobriram que uma bactéria pode viajar do nervo olfativo até o cérebro, onde pode gerar inflamação típica da doença de Alzheimer.

De acordo com matéria do site da universidade australiana, a bactéria Chlamydia pneumoniae é capaz de usar o nervo de dentro do nariz, que se estende da cavidade nasal até o cérebro, como um caminho para invadir o sistema nervoso central. Em resposta á presença do micróbio, as células nervosas produzem a proteína beta amiloide, que é uma característica do Alzheimer.

“Somos os primeiros a mostrar que a C. pneumoniae pode subir diretamente pelo nariz e entrar no cérebro, onde pode desencadear patologias que se parecem com a doença de Alzheimer. Vimos isso acontecer em um modelo de camundongo, e a evidência também é potencialmente assustadora para humanos”, comenta o pesquisador James St John, da Universidade Griffith, um dos autores do estudo, citado pelo site da instituição.

Como o nervo olfativo é diretamente exposto ao ar e pode ser contaminado quando se leva o dedo sujo ao nariz, ele oferece um caminho curto para o cérebro, contornando a barreira hematoencefálica, que impede que componentes do sangue entrem no sistema nervoso central.

Agora, os cientistas pretendem iniciar uma nova fase da pesquisa, para tentar provar que o mesmo caminho de contaminação é possível nos humanos.

“Precisamos fazer esse estudo em humanos e confirmar se o caminho funciona da mesma maneira. É uma pesquisa que foi proposta por muitos cientistas, mas ainda não concluída. O que sabemos é que essas mesmas bactérias estão presentes em humanos, mas não descobrimos como elas chegam lá”, diz James St. John ao site da Griffith.

O especialista lembra que alguns cuidados podem evitar o risco de infecção da clamídia e diminuir a chance de desenvolver a doença de Alzheimer.

“Cutucar o nariz e arrancar pelos não é uma boa ideia. Nós não queremos danificar o interior do nosso nariz e essas ações são arriscadas. Se você danificar o revestimento do nariz, pode aumentar o número de bactérias que podem entrar no cérebro”, alerta o pesquisador australiano.

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