Ciência

Como sabemos que o tempo realmente existe? Veja a explicação de um cientista

Temos relógios que nos mostram a todo instante que o tempo está passando. Mas até que ponto eles nos dizem a "verdade"?

Por João Paulo Martins  em 21 de agosto de 2022

(Foto: Pixabay)

 

Nossas vidas são reguladas por relógios, mas como podemos ter certeza de que o tempo realmente existe? Toda a existência humana está ligada à passagem do tempo. No entanto, não podemos vê-lo e não podemos tocá-lo. Então, como sabemos que ele realmente está aí?

“Na física, temos o que chamamos de ideia de ‘tempo absoluto’ e é usado para descrever diferentes mudanças como uma sequência de eventos. Usamos a física newtoniana [baseada nas leis do físico inglês Isaac Newton] para descrever como as coisas se movem, e o tempo é um elemento essencial disso”, explica o pesquisador Kazuya Koyama, do Instituto de Cosmologia e Gravitação da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, em entrevista para o site americano SciTechDaily.

Ele é responsável por um projeto intitulado Testes Cosmológicos de Gravidade (Cosmological Tests of Gravity), que busca soluções para a origem da aceleração da expansão do Universo, que desafia as leis convencionais da física.

Até hoje, o pensamento newtoniano clássico que entende o tempo como uma constante ainda é uma boa explicação para como os humanos experimentam o passar dos segundos, minutos, horas, dias e anos. Todos nós experimentamos o tempo da mesma maneira e sincronizamos nossos relógios do mesmo modo, não importa onde estejamos no mundo, seja em Londres, Tóquio, Nova Iorque ou Brasília.

 

Não há tempo sem espaço

 

Como mostra o SciTechDaily, físicos descobriram que o tempo pode se comportar de maneira diferente e não é tão consistente quanto pensava Isaac Newton (1643-1727).

“Quando falamos de tempo, precisamos pensar também no espaço – eles vêm juntos em um pacote. Não podemos desconectar os dois, e a maneira como um objeto se move pelo espaço determina como ele experimenta o tempo”, comenta Kazuya Koyama.

Em resumo, o tempo que você experimenta depende de sua velocidade através do espaço como observador. Isso funciona conforme descrito pela teoria da relatividade especial do físico alemão Albert Einstein (1879-1955), que afirma que a velocidade afeta a massa, o tempo e o espaço. Além disso, de acordo com a teoria da relatividade de Einstein, a gravidade de um objeto massivo pode afetar a rapidez com que o tempo passa. Muitos experimentos foram realizados e desde então provaram que isso é verdade, revela o site americano.

Cientistas já descobriram que buracos negros deformam o espaço-tempo ao redor deles devido aos imensos campos gravitacionais que possuem. Essa teoria também faz parte da pesquisa de Koyama. “Um bom e sólido exemplo para entender tudo isso é observar como usamos o GPS. Ele funciona devido a uma rede de satélites que orbitam a Terra e são colocados em uma altitude muito alta, portanto, a gravidade que eles experimentam é mais fraca. Nesse caso, o tempo passaria mais rápido para os satélites do que para nós, no solo, onde experimentamos uma gravidade maior. Mas como os satélites estão viajando em velocidades muito altas ao redor do planeta, isso ajuda a diminuir o tempo, compensando a falta de gravidade”, explica o pesquisador, citado pelo SciTechDaily.

Compreender como esses dois efeitos funcionam e influenciam um ao outro é essencial para garantir que a rede GPS funcione corretamente. Portanto, os relógios não estão nos dizendo mentiras: o tempo de fato existe fora de nossa própria percepção.

 

Será que algum dia poderíamos voltar no tempo?

 

Outro ponto que gera muita curiosidade é a possibilidade de se viajar no tempo, em especial para o passado. Como professor de cosmologia, Kazuya Koyama é mais que capaz de nos revelar a verdade sobre essa teoria.

“Lamento desapontá-los, mas para que a viagem no tempo seja possível, precisaríamos descobrir um tipo completamente novo de matéria que tenha o poder de mudar a curvatura do tempo e do espaço. Tal matéria exigiria propriedades que simplesmente não existem na natureza. Nós, físicos, acreditamos fortemente que voltar ao passado é simplesmente impossível – mas é bom fantasiar sobre isso”, explica o pesquisador.

Veja abaixo uma explicação sobre o mesmo tema, feita pelo saudoso físico britânico Stephen Hawking (1942-2018):

Carregar Mais