Ciência

Cientistas identificam nuvens de "areia" em exoplaneta descoberto pelo telescópio James Webb

Localizado fora do Sistema Solar, o planeta VHS 1256 b possui uam atmosfera turbulenta formada por nuvens de silicato, mesmo material da areia terrestre

Por João Paulo Martins  em 08 de setembro de 2022

Representação artística do exoplaneta gigante gasoso recém-descoberto pelo James Webb (Foto: Nasa/JPL Caltech/Divulgação)

 

Na semana passada, o telescópio espacial James Webb fez imagens de quatro planetas que estão localizados fora do nosso Sistema Solar. Agora, um estudo pré-publicado (ainda não revisado) no repositório online arXiv diz ter encontrado a presença de nuvens de sílica semelhantes a tempestades de areia na atmosfera do exoplaneta VHS 1256 b.

Como mostra a revista americana Forbes, a atmosfera nublada desse planeta é violenta e turbulenta. A diferença para a Terra é que essas nuvens não são feitas de gotículas de vapor de água, mas de partículas de silicato, como se fossem fumaça. “Uma ótima maneira de entender nessas nuvens é pensá-las como objetos feitos de partículas minúsculas, no caso, o silicato, mesma coisa que compõem os grãos de areia terrestres”, comenta o pesquisador Sasha Hinkley, da Universidade de Exeter, no Reino Unido, um dos autores do estudo, citado pela revista.

Há décadas, astrônomos utilizam modelos computacionais para simular atmosferas de exoplanetas e já haviam previsto a existência de partículas semelhantes a fumaça, mas graças à capacidade técnica do James Webb, foi possível detectá-las.

Além de nuvens, os cientistas também dizem ter encontrado dióxido de carbono na atmosfera de VHS 1256 b, revela a Forbes. Isso se dá apenas alguns dias após o telescópio espacial detectar, de forma inédita, esse mesmo gás em outro exoplaneta.

“Em uma atmosfera calma, há uma proporção esperada de, digamos, metano e monóxido de carbono. Mas em muitas atmosferas de exoplanetas, estamos descobrindo que essa proporção é muito distorcida, sugerindo que há uma força vertical turbulenta, dragando o dióxido de carbono das profundezas para se misturar com o metano mais alto na atmosfera”, explica Hinkley à revista americana.

A descoberta desse “desequilíbrio químico" em um exoplaneta distante é uma descoberta importante do James Webb.

O VHS 1256 b é um lugar bem estranho. Ele gira em torno não de uma, mas de duas estrelas anãs marrons que orbitam entre si. Além disso, o planeta não possui uma órbita circular, mas orbita o sistema estelar binário de forma “excêntrica”, muito oval, revela a Forbes. O exoplaneta está a “apenas” 72 anos-luz da Terra, perto da constelação de Corvus.

Ele possui de 12 a 16 vezes a massas de Júpiter e é tão grande que pode ser candidato a “estrela anã marrom que deu errado", em vez de um planeta. Por isso os cientistas no estudo pré-publicado se referem ao VHS 1256 b de “companheiro de massa planetária”. “Definitivamente não é parecido com a Terra. É muito mais como um gigante gasoso, um ‘super-Júpiter’”, comenta Sasha Hinkley.

Outro dado curioso é que o exoplaneta muito distante de suas estrelas, a aproximadamente 360 ​​vezes a distância Terra-Sol, levando 17.000 anos para completar a órbita.

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