Ciência

Cientistas encontram três galáxias se fundindo a 800 milhões de anos-luz

O fenômeno é ainda mais especial porque também resultará na fusão de dois buracos negros supermassivos

Por João Paulo Martins  em 17 de junho de 2021

Duas das três galáxias que estão se fundindo possuem buracos negros supermassivos em seus núcleos (Foto: VLT/MUSE R-V-B composite image/Divulgação)

Uma equipe de cientistas liderados pela Universidade de Maryland, nos EUA, encontrou um aglomerado de três galáxias que está se fundindo. Segundo o estudo, apresentado na reunião anual da Academia Americana de Astronomia no dia 8 de junho, o fenômeno também ajudará a entender como se dá a união de dois buracos negros supermassivos.

Para encontrar a curiosa fusão galáctica, os pesquisadores analisaram dados de vários observatórios e telescópios, incluindo o Very Large Array, no Novo México (EUA); o European Southern Observatory, no Chile; o W. M. Keck Observatory, no Havaí (EUA); Chandra X-Ray Observatory (telescópio espacial lançado pela Nasa em 1999); e o Atacama Large Millimeter Array (ALMA), no Chile.

Após avaliar todos os dados, o estudo encontrou as três galáxias se fundindo num pedaço extremamente brilhante do céu a cerca de 800 milhões de anos-luz de distância do Sistema Solar.

“O empolgante sobre essa descoberta é que combina vários fenômenos em um sistema. Isso nos dá a oportunidade nunca vista de entender com muito mais detalhes a dinâmica de cada um desses sistemas e sua interação”, comenta o pesquisador Jonathan Williams, citado pelo site da Universidade de Maryland.

De acordo com os cientistas, as três galáxias se diferem muito umas das outras. Uma é conhecida como tipo Seyfert, com grandes discos giratórios que possuem buracos negros supermassivos no centro. Outra das galáxias é do tipo LINER ou “região de linha de emissão nuclear de baixa ionização”, que alguns astrônomos acreditam também conter buracos negros supermassivos no meio, mas isso ainda não foi provado de forma incontestável.

Por sua vez, a terceira galáxia, do tipo anã e sem nenhum buraco negro supermassivo, está deixando um rastro de poeira atrás de si e parece viajar perpendicularmente à Terra.

Essa combinação de características das galáxias permite que os cientistas entendam como são as características físicas da fusão que, de outra forma, seriam indetectáveis.

Mesmo com essa riqueza de dados, ainda existem alguns dados confusos, de acordo com o estudo. As galáxias Seyfert e LINER não agem de acordo com a lógica de suas características.

Para entender melhor a física em torno do processo de fusão, a equipe de Jonathan Williams planeja coletar dados adicionais usando o telescópio Hubble.

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