Ciência

Cientistas encontram, no interior de São Paulo, ossos de titanossauro anão que media "só" seis metros

A nova espécie, chamada Ibirania parva, era muito "pequena" em comparação com os titanossauros tradicionais, que podiam ter até 30 m

Por Da Redação  em 26 de setembro de 2022

O Ibirania parva era bem pequeno em comparação com outros titanossauros, que chegavam a 30 m (Foto: Hugo Cafasso e Matheus Fernandes Gadelha/USP/Divulgação)

 

Um estudo liderado pela Universidade de São Paulo (USP) e publicado na edição de setembro da revista científica Ameghiniana, traz a descrição de mais um dinossauro brasileiro, o Ibirania parva, com quatro patas, pescoço longo, cabeça pequena e herbívoro. Ele pertence ao famoso grupo dos gigantescos titanossauros, mas os “parentes” brasileiros tinham cerca de cinco a seis metros de comprimento, considerados “anões” perto do padrão dos indivíduos dessa espécie, que chegavam a 30 m.

Segundo o Jornal da USP, o titanossauro brasileiro teria vivido há 80 milhões de anos onde hoje se encontra a cidade de Ibirá, no noroeste de São Paulo. Os primeiros vestígios da nova espécie começaram a ser descobertos em 1999 numa localidade conhecida como Sítio dos Irmãos Garcia, no distrito de Vila Ventura, em Ibirá (SP). Já os fragmentos que ajudaram a dar o nome à espécie foram achados em 2005.

“Dentre os materiais recuperados, estão diversos elementos vertebrais e dos membros de, pelo menos, quatro indivíduos diferentes. Desde então já sabíamos que se tratava de uma nova espécie, por conta de apresentar uma série de características anatômicas únicas, restando apenas formalizar sua descrição e batizá-la. Mas ainda restavam dúvidas se esta nova espécie estava representada por um animal juvenil, dado o tamanho modesto dos restos recuperados”, comenta o pesquisador Bruno Albert Navarro, do Museu de Zoologia da USP, um dos autores do estudo, citado pelo jornal universitário.

Durante o ano de 2020 foi concluída a descrição da nova espécie, batizada de Ibirania parva. “Ibirania é a junção das palavras Ibirá, em homenagem à cidade onde a espécie foi encontrada, e ania, que em grego significa ‘caminhante, peregrino’, já parva é o termo em latim para ‘pequeno’, devido ao tamanho reduzido da espécie. Como a palavra Ibirá vem do tupi, significando ‘árvore’, podemos traduzir o nome desse novo dinossauro como ‘o pequeno peregrino das árvores’”, diz Navarro.

Ele explica que essa espécie brasileira era muito pequena em comparação com outros titanossauros, com tamanho estimado de cinco a seis metros de comprimento, o que a torna um dos menores dinossauros saurópodes já conhecidos. As principais características desses répteis pré-históricos são a cabeça pequena, pescoço longo, quatro patas e alimentação exclusivamente herbívora, mas com grandes dimensões, podendo alcançar até 30 m.

Como mostra o Jornal da USP, durante o final do período Cretáceo, há 80 milhões de anos, o interior do estado de São Paulo era bem diferente dos dias atuais, com muitos crocodilos terrestres e titanossauros, incluindo alguns gigantes como o Austroposeidon magnificus, em um ambiente parecido com as savanas africanas. “Mas havia algo de especial na região de Ibirá que favoreceu a existência destes titanossauros menores. Diferente de outros anões que viviam em ilhas tropicais do passado, o Ibirania vivia no interior do Brasil, em um ambiente semiárido a árido e com pouco alimento. Uma configuração específica do habitat, como refúgios de vegetação temporários, e a limitação de alimento imposta em estações secas prolongadas podem ter favorecido positivamente animais menores, dado que estes requerem menos recursos que animais de grande porte”, diz Bruno Navarro.

(Com Jornal da USP)

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