Ciência

Cientistas descobrem que “ouro de tolo” pode conter ouro de verdade

A pirita costuma ser descartada pelas mineradoras, mas um estudo encontrou nanopartículas de ouro encrustadas nas imperfeições do mineral

Por João Paulo Martins  em 05 de julho de 2021

A pirita é um mineral à base de ferro cujo brilho a faz ser confundida com ouro. Por isso é popularmente chamada de “ouro de tolo” (Foto: Pixabay)

Uma pesquisa liderada pela Universidade de Curtin, na Austrália, publicada no dia 24 de junho na revista científica Geology, descobriu que o mineral pirita (dissulfeto de ferro), mais conhecido como “ouro de tolo”, que costuma ser deixado de lado pelas mineradoras, pode conter pequenas quantidades de ouro.

De acordo com o pesquisador Denis Fougerouse, da Escola de Ciências Planetárias e da Terra da Universidade de Curtin, um dos autores do estudo, citado pelo site americano Science Daily, esse novo tipo de ouro “invisível” não havia sido identificado anteriormente porque pode ser observado por meio de um instrumento chamado sonda atômica.

“A taxa de descoberta de novos depósitos de ouro está em declínio em todo o mundo, além da piora na qualidade do minério e do aumento do valor do metal precioso. Anteriormente, os mineradores eram capazes de encontrar ouro na pirita como nanopartículas ou como uma liga de pirita-ouro, mas o que descobrimos é que o metal precioso também pode ser hospedado em defeitos em nanoescala, representando um novo tipo de ouro ‘invisível’”, afirma o pesquisador ao site especializado em notícias científicas.

Ele explica que quanto mais deformado é o cristal, mais ouro pode ser encontrado preso nas áreas defeituosas. O valioso metal se encontra fixado nos defeitos em nanoescala, ou seja, cem mil vezes menores que a largura de um fio de cabelo. Com isso, ele só é visível por meio da sonda atômica, uma espécie de tomografia microscópica.

Ainda segundo Fougerouse, citado pelo Science Daily, o estudo também explorou métodos de extração desse ouro “invisível” e possíveis maneiras de obter o metal preso na pirita de forma sustentável, gerando o mínimo de impacto ao meio ambiente.

“Geralmente, o ouro é extraído usando técnicas de oxidação de pressão [semelhantes ao cozimento], mas esse processo consome muita energia. Queríamos buscar uma forma de extração mais ecológica. Analisamos um processo de extração chamado lixiviação seletiva, usando um fluido para dissolver o ouro da pirita. Os defeitos não apenas prendem o ouro, mas também se comportam como vias de fluido que permitem que ele ‘lixiviado’, sem afetar toda a pirita”, esclarece o pesquisador da Universidade de Curtin.

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