Ciência
Cientistas criam mecanismo que mata apenas células do câncer
A chamada “ogiva metabólica”, quando ativada, mata as células cancerosas e não afeta o entorno, evitando efeitos adversos como queda de cabelo
Uma boa notícia para quem sofre com o câncer: cientistas criaram um mecanismo capaz de matar apenas células cancerosas e bactérias sem prejudicar as estruturas saudáveis que estão no entorno.
No entanto, eles dizem que mais testes são necessários para confirmar se a técnica é segura e permite um tratamento rápido para tumores no estágio inicial. A expectativa é que também seja capaz de combater bactérias resistentes a antibióticos.
O estudo, publicado em abril na revista científica Nature Communications, foi liderado por pesquisadores da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido.
Eles combinaram uma minúscula molécula destruidora do câncer chamada SeNBD a um composto químico que induz células malignas a ingeri-lo. Os testes foram realizados em peixes-zebra e células humanas.
“Ogiva metabólica” que mata o tumor
As células cancerosas são “gananciosas” e devem consumir grandes quantidades de alimentos para sobreviver, afirmam os cientistas. Quando a SeNBD é acoplada a um composto que essas células usam para se alimentar, ela se torna a “presa ideal” para elas, mas não as alerta sobre sua natureza tóxica.
Essa junção da SeNBD com o composto “alimentar” foi intitulada “ogiva metabólica”. Depois de implantada, os cientistas ativam suas propriedades “assassinas” de tumores por meio da luz visível, o que gera um maior grau de precisão no tratamento.
Segundo o artigo científico, isso reduz as chances da molécula destruidora de células cancerosas afetar estruturas saudáveis, evitando possíveis efeitos colaterais típicos de tratamentos como quimioterapia e radioterapia, incluindo queda de cabelo.
“Nossa pesquisa representa um avanço importante no projeto de novas terapias que podem ser simplesmente ativadas por irradiação de luz, que geralmente é seguro. SeNBD […] abre novas oportunidades na medicina intervencionista para matar células prejudiciais sem afetar o tecido saudável circundante”, comenta o pesquisador Marc Vendrell, da Universidade de Edimburgo, um dos autores do estudo, citado pelo jornal britânico The Independent.