Ciência

Choco, um parente da lula, tem memória melhor que a nossa na velhice

Estudo revela que mesmo quandoe stão bem velhos, os chocos ou sépias conseguem lembrar de vários fatos, inclusive com quem, quando e onde acasalaram

Por João Paulo Martins  em 18 de agosto de 2021

(Foto: Pixabay)

Os chocos ou sépias são parentes dos polvos e das lulas e possuem um dos maiores cérebros entre os animais invertebrados. Agora, cientistas descobriram que eles podem lembrar o quê, onde e quando coisas específicas aconteceram, mesmo na velhice.

Como mostra o estudo publicado nesta quarta (18/8) na revista científica Proceedings of the Royal Society B, à medida que envelhecem, os chocos mostram sinais de diminuição da função muscular e do apetite, mas, independentemente da idade, podem lembrar o que comeram, onde e quando, e usam isso para orientar suas futuras decisões alimentares.

Essa capacidade é fascinante porque vai contra a realidade dos humanos, que gradualmente perdem a capacidade de lembrar experiências recentes, inclusive o que se comeu no dia anterior.

Como mostra o jornal britânico The Guardian, no estudo, foram realizados testes de memória em 24 chocos. Metade tinha de 10 a 12 meses de idade (não exatamente adultos), enquanto o restante estava com 22 a 24 meses (equivalente a um humano na casa dos 90).

Num dos experimentos, ambos os grupos deviam ir a um local específico do tanque, marcado com uma bandeira, e aprender que dois alimentos diferentes seriam fornecidos em momentos distintos. Quando a bandeira foi agitada, os animais recebiam camarão rei, que não é o favorito deles, a cada hora. Já o camarão capim, que eles gostam mais, foi fornecido num local diferente, com outra bandeira, mas apenas a cada três horas.

Essa atividade foi realizada por cerca de quatro semanas, até que eles aprenderam que esperar mais tempo significava que poderiam obter a comida preferida.

Segundo o jornal, para garantir que os chocos não tivessem sido condicionados, na fase de teste as bandeiras foram colocadas em locais aleatórios para indicar os dois tipos de alimentos. Essa informação deveria ser usada para determinar qual local tinha a melhor refeição, em cada aceno de bandeira subsequente, uma ou três horas depois.

“Durante o treinamento, o desempenho de ambos os grupos foi comparável. Na fase de estudo, o choco mais velho superou o mais jovem”, revela a pesquisadora Alexandra Schnell, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, uma das autoras do estudo, citada pelo The Guardian.

A cientista sugere que a preservação da memória episódica em chocos, apesar da idade, pode estar relacionada ao fato de que eles só se reproduzem no final da vida. Lembrar com quem, quando e onde acasalaram poderia ajudar na disseminação dos genes com tantos parceiros quanto possível.

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