Ciência
Besouro-verde deve causar a morte de 1,4 milhão de árvores nos EUA até 2050
A espécie é invasora nas cidades americanas e as larvas se alimentam de freixos, que podem ser extintos
Um estudo publicado na edição de março da revista científica Journal of Applied Ecology alerta que árvores presentes nas cidades dos Estados Unidos estão ameaçadas e podem morrer até 2050. A culpa é do besouro-verde (Agrilus planipennis), um inseto invasor nocivo.
“Muitas áreas urbanas são dominadas por uma única espécie ou gênero de árvore, o que significa que um inseto recém-chegado que usa essas árvores como hospedeiras pode se espalhar facilmente. Além disso, geralmente há menos predadores naturais e temperaturas mais quentes em comparação com as florestas naturais próximas, que podem beneficiar o desenvolvimento de insetos invasores”, afirma o pesquisador Frank Koch, do Departamento de Agricultura dos EUA (U.S. Department of Agriculture ou USDA), um dos autores do estudo, citado pela revista americana Newsweek.
Segundo os cientistas, 1,4 milhão de árvores de rua devem ser destruídas pelos besouros invasores nas próximas três décadas. Cálculos indicam que o custo de reposição pode ultrapassar US$ 900 milhões (cerca de R$ 4,5 bilhões).
A equipe usou dados de 30.000 áreas urbanas americanas e revela que apenas o besouro-verde, conhecido como broca do freixo (Fraxinus excelsior, tipo de árvore) deve levar à extinção dessa espécie vegetal. Das 1,4 milhão de árvores que devem morrer até 2050, 90% serão exterminadas pelo besouro, de acordo com a Newsweek.
Descobertos pela primeira vez em 2002 perto da cidade de Detroit, em Michigan (EUA), os besouros-verdes adultos apenas afetam parte das folhas dos freixos, causando pequenos danos, informa a revista americana. O problema é o estágio larval do inseto, que se alimenta da casca interna da árvore, interrompendo a capacidade de extrair água e nutrientes.
No estudo recém-publicado, os autores acreditam que a destruição das árvores de rua não será uniforme: menos de um quarto das cidades nos Estados Unidos testemunhará 95% das mortes de freixos.
A sugestão dos pesquisadores é que os responsáveis pelo planejamento urbano devem optar por variadas espécies de árvores. “Esperamos que os resultados possam fornecer um alerta contra o plantio de uma única espécie de árvore em toda a cidade, como foi feito com freixos na América do Norte. O aumento da diversidade de árvores urbanas fornece resiliência contra infestações de pragas”, sugere a pesquisadora Emma J. Hudgins, da Universidade McGill, no Canadá, outra autora do estudo, também citada pela Newsweek.