Ciência
Astrônomos observam pela primeira vez a formação de um planeta gigante gasoso como Júpiter
O corpo celeste chamado AB Aur b está em seus primeiros estágios de formação, na fase de protoplaneta
Cientistas observaram a formação de um planeta gigante gasoso semelhante a Júpiter que está se formando em torno de uma estrela jovem, fornecendo a primeira evidência direta de como esse tipo de corpo celeste é criado. O achado foi descrito em estudo publicado na última segunda (4/4) no periódico científico Nature Astronomy.
Como explica a revista americana New Scientist, planetas geralmente se desenvolvem a partir de um disco de poeira e gás, chamado protoplanetário, que circunda estrelas jovens. Gigantes gasosos como Júpiter, com uma órbita 5,2 vezes maior que a da Terra, se formariam quando partículas sólidas no disco colidem e se juntam lentamente, virando uma espécie de “bola de neve” que, mais tarde, vira um planeta, por meio do processo chamado acreção do núcleo.
Porém, quando se está longe da estrela, o disco não é denso o suficiente para a acreção do núcleo, então acredita-se que planetas gigantes com órbitas mais largas devem ter se formado de uma maneira diferente, chamada instabilidade gravitacional. Devido à distância da estrela, o gás e a poeira esfriam e se contraem em aglomerados que colapsam sob a própria gravidade para formar o núcleo de um planeta.
No estudo recém-publicado, usando o telescópio Subaru, no Havaí (EUA), cientistas observaram de 2016 a 2021, de forma inédita, sinais de um planeta gigante gasoso em seus primeiros estágios de formação (ainda um protoplaneta), orbitando uma jovem estrela de dois milhões de anos chamada AB Aurigae.
Segundo a New Scientist, os pesquisadores determinaram que o protoplaneta, conhecido como AB Aur b, é cerca de nove vezes mais pesado que Júpiter e orbita sua estrela hospedeira a 93 vezes a distância entre a Terra e o Sol. Eles também detectaram espirais de gás e poeira colapsando rapidamente no protoplaneta, como é previsto no modelo de formação por instabilidade gravitacional.
A equipe espera reunir mais imagens em diferentes comprimentos de onda para entender melhor a formação dos gigantes gasosos em seus estágios iniciais. “A natureza é muito inteligente: não produz cópias do Sistema Solar; produz uma ampla gama de diferentes sistemas planetários. Este é um dos tipos mais bizarros de sistema”, diz a pesquisadora Thayne Currie, do Observatório Astronômico Nacional do Japão, uma das autoras do estudo, citada pela revista americana.
Os cientistas afirmam que, embora a observação não confirme qual é o mecanismo dominante na formação de planetas, mostra que, pelo menos em grandes distâncias orbitais, a instabilidade do disco parece ser possível.