Ciência

Astrônomos encontram 70 planetas errantes, que não orbitam estrelas

O achado foi possível graças aos grandes telescópios do Observatório Europeu do Sul (ESO), instalados no Chile

Por João Paulo Martins  em 26 de dezembro de 2021

Impressão artística de um dos 70 planetas errantes do tamanho de Júpiter recém descobertos (Foto: ESO/M. Kornmesser/Divulgação)

 

Os planetas errantes desafiam as noções astronômicas por não orbitarem estrelas e formarem sistemas planetários que vagam livremente, sem estarem sujeitos à atração de um centro gravitacional, como é o caso do nosso Sol e os planetas, planetoides, asteroides e cometas que compõem o Sistema Solar.

Segundo a versão espanhola da revista National Geographic, astrônomos fizeram uma descoberta única usando dados de diferentes telescópios do Observatório Europeu do Sul (ESO): pelo menos 70 novos planetas errantes do tamanho de Júpiter, que vagam sozinhos pela Via Láctea.

O achado foi descrito em estudo publicado na última quarta (22/12) na revista científica Nature Astronomy.

Para conseguir identificar esses corpos celestes, a equipe usou o brilho fraco do grupo de jovens planetas interestelares. Como só haviam se passado alguns milhões de anos desde a formação deles, os mundos permaneciam quentes o suficiente para brilhar e serem captados pelas lentes dos telescópios.

"Medimos os pequenos movimentos, cores e luminosidades de dezenas de milhões de fontes em uma grande área do céu. Essas medições nos permitiram identificar com segurança os objetos mais fracos dessa região, os planetas errantes", explica a pesquisadora Núria Miret-Roig, da Universidade de Viena, na Áustria, principal autora do estudo, citada pela National Geographic.

 

 

As observações foram feitas com telescópios do ESO localizados no Chile, principalmente o Very Large Telescope (VLT). Graças à sua alta sensibilidade e amplo campo de observação, foi possível encontrar 115 potenciais planetas errantes – dos quais 70 foram confirmados – entre a constelação de Ophiuchus (Serpentário) e Escorpião.

Embora existam pelo menos duas hipóteses para explicar a existência desses mundos errantes sem uma estrela hospedeira, de acordo com a revista, os instrumentos atuais não são sensíveis o suficiente para detectar mais detalhes.

"Há quem acredite que planetas errantes podem se formar a partir do colapso de uma nuvem de gás pequena demais para desencadear a formação de uma estrela, ou que podem ter sido ejetados de seu sistema solar hospedeiro. Mas ainda não se sabe qual desses mecanismos é o mais provável", explica o ESO em nota citada pela National Geographic.

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