Ciência
Astrônomos encontram 70 planetas errantes, que não orbitam estrelas
O achado foi possível graças aos grandes telescópios do Observatório Europeu do Sul (ESO), instalados no Chile
Os planetas errantes desafiam as noções astronômicas por não orbitarem estrelas e formarem sistemas planetários que vagam livremente, sem estarem sujeitos à atração de um centro gravitacional, como é o caso do nosso Sol e os planetas, planetoides, asteroides e cometas que compõem o Sistema Solar.
Segundo a versão espanhola da revista National Geographic, astrônomos fizeram uma descoberta única usando dados de diferentes telescópios do Observatório Europeu do Sul (ESO): pelo menos 70 novos planetas errantes do tamanho de Júpiter, que vagam sozinhos pela Via Láctea.
O achado foi descrito em estudo publicado na última quarta (22/12) na revista científica Nature Astronomy.
Para conseguir identificar esses corpos celestes, a equipe usou o brilho fraco do grupo de jovens planetas interestelares. Como só haviam se passado alguns milhões de anos desde a formação deles, os mundos permaneciam quentes o suficiente para brilhar e serem captados pelas lentes dos telescópios.
"Medimos os pequenos movimentos, cores e luminosidades de dezenas de milhões de fontes em uma grande área do céu. Essas medições nos permitiram identificar com segurança os objetos mais fracos dessa região, os planetas errantes", explica a pesquisadora Núria Miret-Roig, da Universidade de Viena, na Áustria, principal autora do estudo, citada pela National Geographic.
As observações foram feitas com telescópios do ESO localizados no Chile, principalmente o Very Large Telescope (VLT). Graças à sua alta sensibilidade e amplo campo de observação, foi possível encontrar 115 potenciais planetas errantes – dos quais 70 foram confirmados – entre a constelação de Ophiuchus (Serpentário) e Escorpião.
Embora existam pelo menos duas hipóteses para explicar a existência desses mundos errantes sem uma estrela hospedeira, de acordo com a revista, os instrumentos atuais não são sensíveis o suficiente para detectar mais detalhes.
"Há quem acredite que planetas errantes podem se formar a partir do colapso de uma nuvem de gás pequena demais para desencadear a formação de uma estrela, ou que podem ter sido ejetados de seu sistema solar hospedeiro. Mas ainda não se sabe qual desses mecanismos é o mais provável", explica o ESO em nota citada pela National Geographic.