Ciência

Asteroide metálico 16 Psyche pode valer R$ 52,3 quintilhões

Rocha espacial receberá missão da Nasa em 2026 e cientistas voltaram a confirmar que sua estrutura é composta por metais, como ferro e níquel, o que a torna uma valiosa “mina ambulante”

Por João Paulo Martins  em 06 de agosto de 2021

Ilustração criada em março de 2021 retrata o asteroide 16 Psyche de 226 km de largura, que fica no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter (Foto: Nasa/JPL-Caltech/ASU/Divulgação)

O asteroide 16 Psyche, descoberto em 1852 pelo astrônomo italiano Annibale de Gasparis, está repleto de metais preciosos e pode valer mais de US$ 10 quintilhões (R$ 52,3 quintilhões), confirmam novas medições de temperatura feitas em sua superfície.

Esse valor é quase um milhão de vezes maior que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2020, que foi de R$ 7,4 trilhões, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O Psyche mede cerca de 226 km de largura e orbita o Sol no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter, região que contém mais de um milhão de rochas espaciais.

A Nasa planeja enviar uma missão para estudar o asteroide metálico em 2026, numa tentativa de determinar suas origens – acredita-se que possa ter-se originado do núcleo de um planeta antigo.

Para ajudar nessa missão, um novo mapa de temperatura da superfície de Psyche foi criado por uma equipe da Universidade de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena, nos Estados Unidos, para fornecer informações sobre suas propriedades estruturais. Os resultados constam de estudo publicado na última quinta (5/8) no jornal científico The Planetary Science Journal.

Normalmente, as imagens infravermelhas de uma rocha espacial fornecem um único pixel de dados, mas usando o observatório Atacama Large Millimeter/Submillimeter Array (ALMA), instalado no Chile, os pesquisadores foram capazes de obter uma resolução de 50 pixels e aprender mais sobre a superfície da rocha espacial.

Como explica o tabloide britânico Daily Mail, normalmente, as observações térmicas feitas da Terra, que medem a luz emitida pelo próprio objeto espacial, são registradas em comprimentos de onda infravermelhos e podem produzir apenas imagens de um pixel.

Temperaturas registradas na superfície do asteroide 16 Psyche pelo observatório ALMA (Foto: Catech/The Planetary Science Journal/Divulgação)

No entanto, esse único pixel contém muitas informações sobre um asteroide, como a inércia térmica ou a velocidade com que ele se aquece na luz do Sol e esfria na escuridão.

No caso do Psyche, os cientistas conseguiram determinar que ele possui uma superfície composta de pelo menos 30% de metal e que as rochas são salpicadas de grãos metálicos.

Isso confirma o que já se sabia: ao contrário de outros corpos rochosos ou gelados, 16 Psyche é formado principalmente por ferro e níquel. Por isso pode valer quintilhões de dólares reservas minerais.

“As descobertas são um passo para resolver o mistério da origem desse objeto incomum, que foi considerado por alguns como um pedaço do núcleo de um protoplaneta [fase inicial de um planeta] malfadado”, afirmam os autores do estudo, citados pelo tabloide.

Psyche é o maior dos asteroides do tipo M, uma classe enigmática de rochas espaciais que são consideradas ricas em metal e, portanto, podem ser fragmentos dos núcleos de protoplanetas que se fragmentaram à medida que o Sistema Solar se formou.

“No início, o Sistema Solar era um lugar violento, pois os corpos planetários se aglutinavam e colidiam uns com os outros enquanto se acomodavam em órbitas ao redor do Sol. Acreditamos que fragmentos dos núcleos, mantos e crostas desses objetos permanecem até hoje na forma de asteroides. Se for verdade, isso nos dá nossa oportunidade real de estudar os núcleos de objetos semelhantes a planetas”,  diz a pesquisadora Katherine de Kleer, citada pelo Daily Mail.

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