Ciência
Asteroide Bennu estaria “envelhecendo” mais rápido do que o previsto
A rocha espacial estaria sofrendo os efeitos do Sol e, em breve, pode se despedaçar devido ao intemperismo solar
Cientistas ficaram “surpresos” ao descobrir que o calor do Sol estava deteriorando as rochas do asteroide Bennu bem mais rápido do que se imaginava. As fraturas tinham sofrido danos há “apenas” 10.000-100.000 anos.
Os cálculos foram possíveis graças às imagens de alta resolução obtidas pela espaçonave Osiris-Rex, da Nasa. Os resultados foram publicados no final de maio na revista científica Nature Geoscience.
A missão da nave espacial Origins, Spectral Interpretation, Resource Identification, Security, Regolith Explorer (Osiris-Rex), lançada em 2016, deixou a órbita de Bennu em maio de 2021 e deve chegar à Terra na segunda metade de 2023. Os cientistas esperam que as amostras do asteroide ajudem a explicar a formação e a idade da superfície da rocha espacial.
Segundo o jornal britânico The Independent, os pesquisadores usam a análise das fraturas do asteroide para prever quando ele poderia se fragmentar em pedaços menores, alguns dos quais podem ser ejetados no espaço, gerando risco até para a Terra.
“Ficamos surpresos ao saber que o processo de envelhecimento e intemperismo em asteroides acontece tão rapidamente, geologicamente falando”, diz o pesquisador Marco Delbo, da Universidade Côte d’Azur, na França, um dos autores do estudo, citado pelo jornal britânico.
Em nosso planeta, deslizamentos de terra, vulcões e terremotos mudam gradualmente a superfície da Terra, juntamente com outras forças, como vento e temperatura, que destroem camadas de rocha e criam novas superfícies ao longo de milhões de anos.
No asteroide Bennu, que conta com o nascer do Sol a cada 4,3 horas, mudanças rápidas de temperatura criam estresse interno que leva à fratura e quebra das rochas, tal qual um prato quente se quebra em contato com uma superfície fria, explica o The Independent.
A missão Osiris-Rex da Nasa detectou rachaduras nas rochas de Bennu logo nos primeiros levantamentos. Os cientistas afirmam que as fraturas parecem apontar na mesma direção, o que seria a “assinatura distinta de que choques de temperatura entre dia e noite podem ser a causa”.
Eles mediram o comprimento e os ângulos de mais de 1.500 fraturas nas imagens do asteroide, com algumas sendo mais curtas uma raquete de tênis e outras mais compridas que uma quadra de tênis.
Eles descobriram que as fraturas se alinham predominantemente na direção noroeste-sudeste, o que significa que provavelmente foram causadas pelo Sol, de acordo com o jornal britânico. Nossa estrela seria a principal força de intemperismo em Bennu.
Os pesquisadores usaram um modelo de computador para calcular o período de 10.000 a 100.000 anos para formação das fraturas térmicas.