Ciência

Arqueólogos identificam o que seriam os mais antigos planos de construção da história humana

Esboços entalhados em pedra no Oriente Médio, encontrados na Jordânia e na Arábia Saudita, datam de até 8.000 anos

Por João Paulo Martins  em 22 de maio de 2023

Entalhes de cerca de 8.000 anos gravados em pedras no Oriente Médio seriam os planos de construção mais antigos da história (Fotos: Crassard et al./ PLOS ONE/Divulgação)

 

Arqueólogos acreditam ter identificado os exemplares mais antigos de planos de construção já registrados na história da humanidade. Eles foram esculpidos em pedras na Jordânia e na Arábia Saudita e datam de 7.000 e 8.000 anos atrás. O estudo com a análise do sítio arqueológico foi publicado na última quarta (17/5), na revista científica PLOS ONE.

Os entalhes com padrões geométricos das pedras foram comparados com megaestruturas existentes no deserto, construídas muito antes das pirâmides de Gizé, no Egito, e os cientistas afirmam que seriam um tipo de projeto básico de “engenharia”.

Pedra com os "planos de construção" (Foto: Crassard et al./ PLOS ONE/Divulgação)

Sobrevoando a área ou usando imagens de satélite, é possível diferenciar as enormes e antigas construções de pedra da paisagem natural. As pontiagudas são conhecidas como “pipas”, e os arqueólogos suspeitam que representem enormes armadilhas de caça, projetadas para afunilar rebanhos selvagens em recintos ou até mesmo em penhascos, segundo o site científico Science Alert.

“É notável a extrema precisão dessas gravuras, que representam as gigantescas estruturas neolíticas de pedra na vizinhança, cujo desenho é impossível de entender sem ver do ar ou sem ser o arquiteto responsável”, afirmam os arqueólogos no estudo recém-divulgado.

“Eles revelam um domínio mental amplamente subestimado da percepção do espaço, até então nunca observado com esse nível de precisão em um contexto tão antigo”.

Como mostra o site especializado, os planos encontrados na Arábia Saudita em 2015 ocupam uma laje de pedra medindo pouco menos de quatro metros de comprimento e provavelmente foram esculpidos com picaretas há cerca de 8.000 anos. Eles retratam um par de pipas que estão em um deserto próximo, a cerca de 3,5 km de distância.

As gravuras encontradas na Jordânia, por sua vez, foram esculpidas em um bloco de calcário de 80 centímetros de comprimento há cerca de 7.000 anos. Essas imagens retratam uma pipa de forma semelhante às outras oito na região desértica próxima.

As vastas megaestruturas têm quase o dobro da idade das Grandes Pirâmides do Egito e, no entanto, receberam apenas uma fração da atenção. Os esquemas de engenharia gravados em pedra foram desenterrados em 2015 e, no entanto, só agora os cientistas foram capazes de analisá-los de forma correta.

“Até recentemente”, escrevem os pesquisadores, citados pelo Science Alert, “quase nenhum estudo aprofundado havia sido realizado para melhorar nossa compreensão sobre a função deles ou por que eram tão difundidos em outras regiões, da Arábia até o Uzbequistão”.

Infelizmente, ainda não está claro o papel dessas estruturas nas sociedades milenares, embora a principal hipótese sugira que as pipas do deserto foram projetadas para capturar ou matar animais selvagens usando estratégias de caça em massa.

A mais antiga estrutura foi construída há pelo menos 9.000 anos. Nessa época, a Península Arábica era muito mais úmida e verde do que é hoje. Muitas pipas do deserto ficavam no que antes eram pastagens, o que ajudaria para encurralar rebanhos que estivessem pastando.

As sofisticadas megaestruturas também tendem a formar canais que conduzem a poços, penhascos ou currais.

 

Estrutura que seria usada para encurralar animais (Foto: Crassard et al./ PLOS ONE/Divulgação)
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