Ciência

Arqueólogos encontram tumba de comandante militar egípcio que recrutava mercenários

O túmulo estava cheio de vasos canópicos e figuras de barro para ajudar na vida após a morte

Por João Paulo Martins  em 22 de julho de 2022

A tumba do comandante militar egípcio foi escavada em Abusir (Foto: Facebook/tourismandantiq/Reprodução)

 

Uma descoberta incrível no Egito está chamando a atenção do mundo: a tumba de um antigo general egípcio que comandava um exército de mercenários estrangeiros.

Segundo a revista americana Newsweek, trata-se do oficial egípcio Wahibre-mery-Neith, que estava encarregado de recrutar soldados mercenários da Ásia Menor e das Ilhas Egeias (na Grécia).

A tumba, de 14 m de largura por 14 m de extensão, remonta do início do século V a.C. e foi escavado por arqueólogos da Universidade Charles, em Praga, na república Tcheca, nos trabalhos que se encerraram em junho de 2022 em Abusir, entre Gizé e o norte do Egito.

Dentro da tumba foi encontrada uma enorme coleção de itens de embalsamamento, incluindo 370 vasos canópicos de cerâmica contendo materiais usados na mumificação do comandante. Na parte inferior do túmulo havia o sarcófago duplo danificado por saqueadores do século V, informa a revista americana. A camada externa do sarcófago possui dois blocos gigantes de pedra calcária e, dentro, um espaço no formato de um humano, medindo cerca de 2,2 m de comprimento e 1,8 m de largura.

 

 

O sarcófago possui inscrições do famoso Livro dos Mortos do Egito Antigo, descrevendo o processo de ressurreição do comandante e sua jornada para a vida após a morte. A múmia de Wahibre-mery-Neith não foi localizada, de acordo com a Newsweek, mas a tumba continha duas caixas de madeira com 402 figuras de barro que ajudariam a servir o militar no mundo dos mortos.

Também foram encontrados jarros de alabastro, 10 xícaras e um pedaço de cerâmica de calcário chamado ostracon, contendo inscrições de textos religiosos.

 

Entre os cachados da tumba, inúmeros vasos canópicos (Foto: Facebook/tourismandantiq/Reprodução)

 

Como explica a revista americana, o achado é do início da dominação persa no Egito, que começou por volta de 525 a.C. e durou 100 anos. Os egípcios prosperaram sob o rei persa Dario I, mas sofreram nas mãos de líderes como Xerxes I, que esmagou revoltas e desrespeitou os costumes locais.

O Primeiro Império Persa, também conhecido como Império Aquemênida, foi fundado por Ciro, o Grande, em 550 a.C. e se tornou gigante sob Xerxes I, que acrescentou grande parte da Grécia antiga.

A tumba de Wahibre-mery-Neith permite que os pesquisadores imaginem como era a vida de um comandante de legião estrangeira que, segundo os arqueólogos, “provavelmente morreu de forma inesperada”, pois seu “túmulo e equipamentos funerários ainda estavam inacabados”.

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