Ciência

Arqueólogos encontram tumba de 2.500 no Egito contendo “feitiços contra cobras”

Os textos esculpidos na parede da tumba ajudariam o morto a se proteger desses perigosos répteis

Por João Paulo Martins  em 14 de novembro de 2023

Feitiços esculpidos na tumba ajudariam a evitar picadas de cobras (Foto: Instagram/ministry_tourism_antiquities/Reprodução)

 

O mais famoso arqueólogo de Hollywood, Indiana Jones, imortalizado nas telonas pelo ator Harrison Ford, é conhecido por seu medo de cobras. Curiosamente, cientistas descobriram uma tumba no Egito repleta de feitiços para evitar picadas desses répteis rastejantes.

Como mostra a revista americana Smithsonian, arqueólogos da Universidade Charles, na República Checa, descobriram uma câmara mortuária de 2.500 anos em Abusir, um complexo de pirâmides entre Gizé e Saqqara. Ela pertenceu a um escriba real chamado Djehutyemhat e possui quase 15 m de profundidade.

Djehutyemhat serviu durante um período crítico da história militar egípcia, quando as forças persas invadiram a região. Muitos antigos oficiais e comandantes militares de alta patente também receberam enterros honrosos em Abusir, mas o túmulo do escriba se destaca dos demais pelos feitiços esculpidos na parede norte e que serviam para “espantar cobras”.

 

(Foto: Instagram/ministry_tourism_antiquities/Reprodução)

 

“Uma ênfase tão forte nesses feitiços contra cobras, provavelmente, se deu por uma escolha pessoal do proprietário da tumba. Não se conhece nenhum caso como esse, com tanta atenção para esse tipo de feitiço”, comenta o egiptólogo checo Miroslav Bárta, citado pela revista.

Claro que as picadas de cobra deviam ser bem mais comuns no Antigo Egito do que atualmente. No entanto, esses répteis também eram um importante símbolo religioso. “As cobras mencionadas nesses textos mágicos representavam um perigo potencial e, ao mesmo tempo, poderiam servir como poderosas protetoras do falecido e de sua múmia”,explicam os arqueólogos, citados pela Smithsonian.

 

(Foto: Instagram/ministry_tourism_antiquities/Reprodução)

 

Análises dos restos mortais de Djehutyemhat revelaram que o escriba deveria ter apenas 25 anos quando morreu. Sua coluna mostra sinais de desgaste – provavelmente devido à ocupação sedentária de escrever o dia todo – e ele parece ter tido osteoporose aguda apesar da tenra idade, talvez por fatores genéticos.

Como a tumba continha poucos artefatos, os cientistas acreditam que os saqueadores visitaram o local no século V d.C. No entanto, na descoberta recente foi possível recuperar algumas cerâmicas, incluindo tigelas e jarros.

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