Ciência

Aquecimento global está causando ondas mais fortes, alerta Fórum Econômico Mundial

Mudanças climáticas colocam em risco as regiões costeiras e podem acabar com ecossistemas como mangues e pântanos salgados, de acordo com a ONG

Por João Paulo Martins  em 14 de junho de 2021

(Foto: Pixabay)

O aumento do nível do mar não é a única preocupação em relação ao aquecimento global. Um estudo feito pelo Fórum Econômico Mundial e publicado na revista científica Geophysical Research Letters em maio, mostra que as mudanças climáticas acabarão com as regiões costeiras devido às ondas mais poderosas, principalmente no hemisfério sul.

Os cientistas traçaram a trajetória dessas ondas mais fortes e descobriram que as costas do sul e do oeste da Austrália, as Ilhas do Pacífico e do Caribe e o leste da Indonésia, Japão e África do Sul já estão experimentando os efeitos do mar mais agitado.

“Isso aumentará os efeitos da elevação do nível do mar, colocando nações insulares de baixa altitude no Pacífico, como Tuvalu, Kiribati e as Ilhas Marshall, em maior perigo, mudando a forma como administramos as costas em todo o mundo”, informa o artigo divulgado no site do Fórum Econômico Mundial nesta segunda (14/6).

Oceanos estão com mais energia

Como mostra o estudo feito pela ONG formada por empresários, políticos, intelectuais e jornalistas do mundo todo, desde a década de 1970, o oceano absorveu mais de 90% do calor emitido no planeta. Isso gera uma série de impactos, incluindo frentes quentes mais longas e frequentes nos mares, branqueamento de corais e tempestades mais poderosas.

“Analisamos as condições das ondas nos últimos 35 anos e descobrimos que a energia delas aumentou pelo menos desde os anos 1980, principalmente no hemisfério sul, à medida que mais energia está sendo bombeada para os oceanos na forma de calor”, alerta o texto da entidade.

E um oceano com mais “energia” significa ondas maiores e potencialmente mais erosivas para as costas de algumas partes do mundo.

Os pesquisadores lembram que manguezais e pântanos salgados, por exemplo, são particularmente vulneráveis ao aumento na energia das ondas combinado com a elevação do nível do mar.

“Para escapar, manguezais e pântanos migram naturalmente para áreas mais elevadas. Mas quando esses ecossistemas se voltam para as áreas urbanas, não têm para onde ir e morrem. Esse processo é conhecido como ‘compressão costeira’”, explica o artigo da ONG.

Nas regiões costeiras mais baixas, esses ecossistemas geralmente fornecem uma proteção natural para as ondas. Portanto, sem eles, as comunidades que vivem próximas ao mar estarão expostas aos riscos causados pelas ondas mais fortes, em especial o de erosão.

As erosões em algumas regiões costeiras do mundo estão piores devido ás mudanças climáticas, alertam os especialistas do Fórum Econômico Mundial (Foto: Pixabay)

Por que está acontecendo

De acordo com a pesquisa do Fórum Econômico Mundial, como as ondas são geradas pelos ventos que sopram na superfície dos oceanos, o maior aquecimento da água ocasiona aumento do efeito de convecção, quando o ar quente e o frio desce, elevando a circulação atmosférica e a formação de ventos.

Em outras palavras, temos um efeito cascata: temperaturas mais altas da superfície do mar causam ventos mais fortes, que alteram as condições globais das ondas.

No estudo, cientistas descobriram que em algumas partes dos oceanos, a energia das ondas está aumentando por causa da mudança dos ventos de oeste em direção aos polos. “Isso é mais perceptível nas regiões tropicais dos oceanos Atlântico e Pacífico e nas regiões subtropicais do oceano Índico”, revela o site da entidade mundial, que lembra que essas mudanças não são causadas apenas pelo homem, mas são influenciadas também pela variabilidade climática natural (como os fenômenos El Niño e La Niña).

Os pesquisadores afirmam que as mudanças nas condições das ondas em direção ao equador parecem ser impulsionadas pelo aquecimento do oceano causado pelo homem, enquanto as mudanças nas ondas em direção aos polos são mais impactadas pela variabilidade climática natural.

“Se o aquecimento continuar em linha com as tendências atuais ao longo do próximo século, podemos esperar ver mudanças mais significativas nas condições das ondas ao longo das regiões costeiras do mundo. No entanto, se pudermos mitigar em 2º C o aquecimento de acordo com Acordo de Paris [COP21], os estudos indicam que ainda podemos manter as mudanças nas ondas dentro dos limites da variabilidade natural”, diz o artigo do site do Fórum Econômico Mundial.

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