Aplicativo promete ajudar a tratar aracnofobia com realidade aumentada

Em estudo publicado na edição de agosto do periódico científico Journal of Anxiety Disorders, cientistas relatam como um novo aplicativo para smartphones que usa realidade aumentada pode ajudar pessoas com aracnofobia (medo de aranha). Ele já está disponível para Android e iPhone (ambas versões de teste).

O app já se mostrou eficaz em ensaio clínico, com indivíduos experimentando menos medo de aranhas reais depois de completar apenas alguns níveis de treinamento em casa, revela o site americano de notícias científicas EurekAlert.

O site lembra que a aracnofobia é muito comum e leva a uma série de limitações no dia a dia, pois os acometidos procuram evitar situações que envolvam aranhas. Por exemplo, algumas pessoas que têm medo de aranha evitam reuniões sociais ao ar livre, visitas a zoológicos, parques ou determinados pontos turísticos.

Ainda pior, as vítimas dessa fobia costumam procurar excessivamente por aranhas nos quartos ou evitam certos cômodos, como porões e sótãos. Um tratamento eficaz para esse medo é chamado “terapia de exposição”, explica o EurekAlert: o paciente é exposto de forma terapêutica às situações que causam medo para acabar gradualmente com a fobia. O problema é que, na prática, essa terapia quase não é usada porque os pacientes relutam em se expor a aranhas reais.

Para ajudar nesse caso, a equipe liderada pelo pesquisador Dominique de Quervain, da Universidade de Basel, na Suíça, desenvolveu um aplicativo de realidade aumentada chamado Phobys.

De acordo com o site especializado, o Phobys é baseado na terapia de exposição e usa um modelo 3D realista de aranha que é projetado no mundo real por meio da câmera do telefone celular.

Teste clínico do app para aracnofobia

A eficácia do Phobys foi testada em ensaio clínico envolvendo 66 voluntários. Ao longo de duas semanas, os participantes – que sofriam de aracnofobia – completaram seis níveis de treinamento com duração de meia hora, usando o aplicativo.

Um grupo de controle não recebeu nenhuma intervenção terapêutica.

Antes e depois do tratamento, os participantes se aproximaram de uma aranha real que estava numa caixa transparente. O aracnídeo foi colocado tão próximo quanto o medo do voluntário permitia.

O grupo que fez a terapia com o Phobys mostrou significativamente menos medo e repulsa com a aranha real e foi mais capaz de se aproximar dele do que o grupo de controle.

O app oferece nove níveis diferentes para que as vítimas da aracnofobia possam se aproximar – e até interagir – com a aranha virtual. A cada nível, as tarefas se tornam mais intensas e, portanto, mais difíceis.

Cada nível é finalizado com uma avaliação de medo e repulsa pelo próprio usuário. A partir daí, o app decide se o nível deve ser repetido ou o paciente pode passar para o próximo.