Ciência
Apêndice só serve para dar apendicite?
Estrutura do intestino grosso costuma chamar a atenção quando inflama, mas ela não evoluiu com o ser humano à toa
Normalmente, o apêndice, estrutura localizada no intestino grosso, recebe atenção apenas quando fica inflamado (apendicite), causando uma dor insuportável, ou rompe, que é extremamente grave. Por muito tempo, foi considerado um órgão residual, inútil. Mas cientistas descobriram que ele não evoluiu com a gente à toa.
Uma equipe de pesquisadores da Universidade Midwestern, nos Estados Unidos, avaliaram a evolução do apêndice por meio do rastreamento de 533 espécies de mamíferos num período de 11 milhões de anos.
Eles procuraram por evidências de que o apêndice tivesse desaparecido ou reaparecido. O ressurgimento indicaria uma necessidade evolutiva do órgão.
Evolução do apêndice
No estudo publicado em 2016 no periódico científico Comptes Rendus Palevol, os cientistas descobriram que o apêndice evoluiu entre 29 e 41 vezes e desapareceu apenas 12 vezes das linhagens de mamíferos.
Segundo o artigo, esses dados mostram que a estrutura do intestino grosso possui uma função que a medicina moderna ainda não compreendeu totalmente.
“Assim, podemos rejeitar com segurança a hipótese de que o apêndice é uma estrutura residual com pouco valor adaptativo ou função entre os mamíferos”, escrevem os autores no estudo.
Portanto, esse órgão faz alguma coisa além de doer profundamente quando está inflamado. Mas o que? De acordo com os especialistas, o apêndice provavelmente apoia o sistema imunológico ao abrigar bactérias intestinais benéficas, que ajudam a manter o intestino saudável e a evitar infecções.
No estudo de 2016, foi descoberto ainda que as espécies de mamíferos que continuaram com esse órgão tinham concentrações mais altas de tecido linfoide (associado à resposta imunológica) no ceco (bolsa que liga os intestinos grosso e delgado). Esse tipo de tecido também pode ajudar a estimular o crescimento da microbiota benéfica.