Brasil

Peixe invasor e perigoso é capturado pela 2ª vez em Fernando de Noronha

O peixe-leão não é típico do litoral brasileiro e pode afetar o ecossistema em que se encontra, eliminando espécies menores

Por João Paulo Martins  em 09 de agosto de 2021

O peixe-leão foi avistado no final de julho e capturado no início de agosto em Fernando de Noronha (Foto: Instagram/seaparadisefn/Reprodução)

No início de agosto, o mergulhador Fernando Rodrigues, da empresa Sea Paradise, capturou um peixe-leão (Pterois volitans) a 32 m de profundidade no mar de Fernando de Noronha (PE). Essa espécie é considerada invasora e é a segunda vez que o profissional pesca um exemplar no arquipélago brasileiro, que é uma unidade de conservação.

Segundo a publicação feita na última quarta (4/8) pela empresa de mergulhos no Instagram, o peixe-leão havia sido descoberto no dia 30 de julho e sua existência foi comunicada ao Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), responsável pela manutenção do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha.

“Informamos o ocorrido à comunidade científica e seguimos as orientações da chefe do NGI Noronha [Núcleo de Gestão Integrada do parque], Carla Guaitanele. A voluntária Clara [Buck], do ICMBio, que havia participado da primeira captura, nos acompanhou novamente. O professor Cadu [Carlos Eduardo Ferreira] da UFF [Universidade Federal Fluminense], também vem nos orientando durante o processo”, diz o post da Sea Paradise na rede social de imagens.

Graças ao mergulhador Fernando Rodrigues, o filhote de peixe-leão foi capturado em Noronha (Foto: Instagram/seaparadisefn/Reprodução)

Em entrevista ao portal de notícias G1, a bióloga voluntária Clara Buck lembra que além de ser um invasor dos mares brasileiros, o peixe-leão é perigoso por ter veneno. “Para o humano, é um perigo porque tem 18 espinhos venenosos, que apresentam uma toxina. Essa toxina pode causar febre, vermelhidão e até convulsões”, diz a especialista.

Para a biodiversidade marinha brasileira, a espécie invasora traz riscos porque afeta o equilíbrio ecológico ao consumir peixes endêmicos (vivem apenas naquele ambiente). “O peixe-leão é um predador. Se ele conseguir se estabelecer, vai consumir muitos indivíduos. Em Noronha, existem espécies endêmicas, que só ocorrem nessa região, e o peixe-leão pode causar extinção delas”, alerta Clara Buck ao G1.

Vale lembrar que já foram capturados cinco exemplares do peixe invasor no Brasil, incluindo no arquipélago de Abrolhos (BA), que também é uma área de conservação mantida pelo ICMBio.

No caso de Fernando de Noronha, o primeiro peixe-leão foi pescado em dezembro de 2020 e era adulto. O recém-capturado, de acordo com o portal de notícias da Globo, ainda é considerado filhote.

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