Brasil
Objeto luminoso observado ontem no Pará e no Ceará não era meteoro
Moradores ficaram assustados com o bólido espacial que cruzou o céu noturno na última terça (16/3)
Muitos internautas ficaram assustados com um objeto brilhante que cruzou os céus do Pará e do Ceará na noite da última terça (16/3). Mas o que parece um meteoro, na verdade, é um detrito espacial que fez sua reentrada na atmosfera da Terra, segundo a Rede Brasileira de Observação de Meteoros (Bramon).
Moradores das cidades de Camocim, Acaraú, Carrapateira, Cajueirinho de Cruz, Praia do Preá, todas do Ceará, e também na região metropolitana de Belém (PA), puderam observar e registrar em vídeo o fenômeno luminoso no céu noturno.
"Baseado nos relatos e nas imagens, a Bramon concluiu tratar-se da reentrada de lixo espacial e identificou um objeto que possivelmente é o que causou a bola de fogo observada no norte do país. Trata-se de um corpo de foguete, de identificação NORAD 22032. Inicialmente acreditava-se se tratar de uma Sylda do Ariane 5, mas depois de pesquisas mais detalhadas, foi identificado o corpo de um foguete que não é observado desde o dia 11 e cuja reentrada estava prevista para o domingo, dia 14, de acordo com os cálculos de Joseph Remis, especialista em reentradas", diz trecho do texto divulgado pela Rede Brasileira de Observação de Meteoros em seu site oficial.
Portanto, o objeto que deixou muita gente preocupada no Ceará e no Pará corresponde ao corpo do terceiro estágio do foguete Ariane 44L (NORAD 22032) lançado em 9 de julho de 1992 a partir do Centro Espacial Guyanais, na Guiana Francesa, informa a Bramon.
"O terceiro estágio é o responsável por inserir a carga útil [satélite, por exemplo] em sua órbita. Depois de cumprida a missão, o corpo do foguete executa operações de segurança, como o esvaziamento dos seus tanques de combustível e permanece como lixo espacial em órbita da Terra. Se em sua órbita, ele se aproximar suficientemente da Terra para que sofra arrasto atmosférico, ele vai, aos poucos, perdendo altitude até reentrar na atmosfera terrestre, gerando um bola de fogo como a que foi vista no norte do país nessa terça [16/3]", esclarece a entidade especializada no monitoramento de meteoros no Brasil.
A Bramon lembra que apesar do susto causado pelo lixo espacial, grande parte do material que orbita no entorno do nosso planeta não possui tamanho suficiente para chegar ao solo e provocar danos.
"Apenas os grandes satélites e corpos de foguete tem partes suficientemente resistentes para sobreviver à reentrada e chegar ao solo. Isso até ocorre de vez em quando, nunca provocam grandes danos já que chegam ao solo com velocidade bastante reduzida. Mas nesse caso, considerando a trajetória da bola de fogo, qualquer parte que tenha resistido à reentrada, certamente caiu no mar, no meio do oceano Atlântico", completa a Rede Brasileira de Observação de Meteoros em seu site.