Bizarrice

Pescador encontra peixe-remo no Equador, após espécie que “prevê” terremoto aparecer no Chile

O animal vive nas profundezas dos mares, pode chegar a 11 m de comprimento, e costuma ser associado ao prenúncio de desastres naturais

Por João Paulo Martins  em 28 de julho de 2022

Desta vez, um peixe-remo foi encontrado na costa do Equador (Fotos: Facebook/Machala TV Digital/Reprodução)

 

Depois de aparecer na costa de Arica, no Chile, em 11 de julho, e deixar muitos internautas curiosos (alguns assustados), um peixe-remo (Regalecus glesne) foi pescado na região de Salinas, no Equador, duas semanas depois. O problema é que essa espécie costuma ser associada ao prenúncio de terremoto ou tsunami.

Também chamado de peixe-sabre, ele é considerado o “rei dos arenques”, cuja principal característica é o corpo geralmente longo e achatado. Segundo a edição equatoriana do jornal Metro, o peixe-remo pode ser encontrado em todas as zonas temperadas e tropicais da Terra, exceto nas regiões polares. Essa espécie vive em águas profundas, a mais de mil metros de profundidade.

Embora prefira as profundezas, o peixe-remo pode ser visto nas costas e em locais com cerca de 20 metros de profundidade. Principalmente depois de uma tempestade, ou quando são velhos e têm dificuldade em resistir às correntes, explica o jornal equatoriano.

Cientistas acreditam que os peixes lampriformes, como é o caso dos Regalecus, tenham surgido há cerca de 60 a 70 milhões de anos, no final do período Cretáceo.

O peixe-remo pode chegar a 11 m de comprimento, mas há registro de exemplares que chegaram a 17 m, podendo pesar aproximadamente 200 kg, informa o Metro. A coluna espinhal é formada por 400 vértebras.

A espécie apresenta cor prateada, com presença de manchas azuis e pretas. Possui barbatanas pélvicas e dorsais carmesim (dos olhos até a cauda). Ele não costuma ter barbatana caudal mas, em alguns casos, é muito pequena.

Outra curiosidade é que o Regalecus glesne não possui escamas e a boca minúscula é formada por mandíbulas serrilhadas.

Quando estão doentes ou prestes a morrer, sobem à superfície até o falecimento. Às vezes, eles também fazem isso para desovar, explica o jornal equatoriano.

 

Lenda do terremoto

 

O peixe-remo é muito conhecido na cultura japonesa por estar associado à lenda do yakoi (tipo de monstro). Ele é conhecido como “Namazu” e se refugia nas profundezas do oceano Pacífico. Quando nada até a superfície da água, seus movimentos causariam terremotos. Por isso, é considerado pelos japoneses como um “ryugu no tsukai”, ou “mensageiro do palácio do Deus do mar”.

Na costa japonesa, ainda hoje persiste a ideia de que o peixe-remo traz consigo o poder de “prever” algo desastroso, explica o jornal equatoriano. No entanto, não há evidências científicas de que haja uma relação real entre desastres naturais e o aparecimento dessa espécie nas regiões costeiras.

O especialista japonês em sismologia ecológica, Kiyoshi Wadatsumi, citado pelo Metro, conta que esse tipo de peixe costuma ser mais sensível aos movimentos das placas tectônicas, especialmente em locais com falhas. Talvez isso faça com que alguns indivíduos surjam na superfície após tremores profundos.

 

No Japão, o peixe-remo é chamado de Namazu e seria cuasador de terremotos (Foto: Wikimedia/Tokyo University Library/Domínio Público)

 

Abalos após o peixe

 

Parece até coincidência, mas de acordo com a página Terremoto Disastrous, no Facebook, depois que um peixe-remo foi encontrado no Chile, no início de julho, terremotos foram registrados no Peru e no nordeste chileno.

Em 12 de julho um sismo de 5.5 foi captado em Moquegua, no Peru. Em Antofagasta, no Chile, dois abalos ocorreram este mês: um de 6.2 na última quarta (27/7) e outro de 6.1 nesta quinta (28/7).

A página Terremoto Disastrous revela que existem três variáveis para associar os terremotos ao aparecimento do peixe-remo:

  1. A magnitude do terremoto deve ser igual ou superior a 5.5
  2. O terremoto deve ocorrer em um raio máximo de 350 km (de onde o peixe surgiu)
  3. O terremoto de ocorrer no prazo máximo de 20 dias (após o avistamento do animal)
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