Bizarrice
ONG dos EUA resgata quase 4.000 beagles que seriam usados em testes de remédios
Os cãezinhos estavam em uma instalação da empresa Envigo RMS, na Virgínia (EUA), e estariam passando por maus-tratos
A ONG americana Humane Society, de proteção dos animais, realizou o que acredita ser um dos maiores resgates de cachorros nos EUA. Quase 4.000 cãezinhos da raça beagle foram salvos de uma instalação no estado da Virgínia, que os criou para serem vendidos a laboratórios para servirem de cobaias para remédios.
O primeiro lote de cães foi retirado do local por voluntários da organização no final do mês passado. Na última terça (8/8), pouco mais da metade dos beagles já havia sido removida, informou a ONG, citada pelo jornal americano USA Today.
“Consegui trazer o primeiro filhote e isso te abala. Saber para que esses cães estavam destinados e para onde estão indo agora, é indescritível”, comenta Kitty Block, presidente e diretora executiva da Humane Society dos EUA.
Abrigos de animais dos estados de Illinois e Pensilvânia começaram a receber os pets para que passem por exames médicos, vacinas e outros tratamentos antes de estarem prontos para adoção.
“Vai levar 60 dias para tirar todos esses animais e trabalhar com nossos parceiros de abrigo e resgate em todo o país. Trabalhamos com eles para levar esses cães a lares amorosos”, diz a presidente da ONG.
O resgate dos cachorros começou após o governo americano entrar com uma ação civil em maio deste ano contra a empresa Envigo RMS, que opera em Cumberland, na Virgínia, e que cria beagles para pesquisas médicas.
De acordo com documentos judiciais obtidos pelo USA Today, o Departamento de Justiça dos EUA alegou violações da Lei de Bem-Estar Animal.
“Algo totalmente sem precedentes. Acho que não há ninguém em nossa equipe que tenha visto 4.000 cães em um local ao mesmo tempo em toda a sua carreira”, comenta Audra Houghton, diretora da Equipe de Resgate Animal da Humane Society.
Autoridades federais acusaram a Envigo de uma série de violações da legislação vigente, incluindo alimentação insuficiente dos cães, cuidados médicos inadequados, alojamento em condições sanitárias preocupantes e eutanásias realizadas sem anestesia.
Um relatório de inspeção do Departamento de Agricultura dos EUA descobriu que, entre janeiro e julho do ano passado, mais de 300 filhotes morreram devido a “causas desconhecidas”, revela o jornal americano. A empresa não teria tomado nenhuma medida adicional para investigar essas mortes ou evitar perdas semelhantes no futuro.
Em junho, a Inotiv Inc., que controla a Envigo, disse que fecharia a instalação. Porém, em julho, foi assinado um acordo com o governo, sem pagamento de multa, diz o USA Today.
“As instalações de Cumberland foram reconhecidas como precisando de melhorias e investimentos. Nosso trabalho e o trabalho de nossos clientes são essenciais para salvar vidas humanas. Sem esforços críticos de descoberta e desenvolvimento de medicamentos, milhões de pessoas em todo o mundo continuariam suas vidas sem qualquer esperança de tratamentos e curas para doenças potencialmente fatais. Nossa principal prioridade continua sendo garantir o bem-estar animal adequado e práticas em conformidade com as regulamentações em todas as nossas instalações”, diz Robert Leasure Jr., CEO da Inotiv, em comunicado enviado ao jornal americano.
Como a ONG Humane Society não fornece serviço de adoção de animais, está trabalhando com parceiros de abrigo e resgate para que os beagles resgatados possam ganhar novos lares.