Bem-Estar

Veneno das cobras mais mortais do mundo pode ajudar a tratar ferimentos de soldados ou acidentados

Estudo revela que as peçonhas da cobra-marrom e da escama-de-serra podem favorecer a coagulação do sangue e o fechamento de feridas graves

Por João Paulo Martins  em 20 de junho de 2022

O veneno da cobra-marrom pode matar em meia hora (Foto: Wikimedia/flagstaffotos@gmail.com/Creative Commons)

 

O veneno de uma das cobras mais perigosas do mundo poderá ajudar a salvar vidas de soldados no campo de batalha ou de vítimas de acidentes. Um estudo publicado em junho na revista científica Advanced Healthcare Materials descobriu que os venenos da cobra-marrom da Austrália (Pseudonaja textilis) e da escama-de-serra (Echis carinatus) podem ajudar a conter sangramento descontrolado.

Como mostra a emissora australiana 9 News, a peçonha dessas serpentes contém proteínas que ajudam a acelerar a coagulação do sangue.

Cientistas do Instituto Australiano de Bioengenharia e Nanotecnologia está trabalhando na produção de um “gel de veneno”, que recebeu financiamento do Departamento de Defesa dos Estados Unidos.

O potente material permanece líquido quando armazenado em local fresco, mas solidifica quando em contato com a temperatura corporal, ajudando a selar a ferida. A expectativa é que possa ser vendido em farmácias, adicionado a kits de primeiros socorros e usado por paramédicos ou militares em zonas de combate, para conter sangramentos.

A pesquisadora Amanda Kijas, da Universidade de Queensland, na Austrália, diz à 9 News que o sangramento descontrolado é responsável por 40% das mortes relacionadas a traumas. “Esse número é ainda maior quando se trata de militares com sangramento grave em zona de combate. Esperamos que o gel acelere os processos de cicatrização de feridas ajudando a coagular e reduzir o fluxo sanguíneo, aumentando a capacidade do corpo de curar grandes feridas”, comenta a cientista.

Segundo ela, o estudo conseguiu ótimo resultado com o gel à base dos venenos das serpentes perigosas, reduzindo em cinco vezes a perda de sangue e formando coágulos de forma três vezes mais rápida. Isso em comparação com o processo natural de cicatrização do corpo. “Isso inclui até mesmo pessoas com hemofilia e aquelas que usam anticoagulantes”, completa Amanda Kijas à emissora.

A equipe também está analisando como a peçonha pode ser usada no tratamento de queimaduras e lesões traumáticas.

Atualmente, o gel dos venenos da cobra-marrom e da escama-de-serra encontra-se em fase pré-clínica e em breve deve seguir para avaliação comercial.

De acordo com a 9 News, a cobra-marrom da Austrália é a segunda espécie terrestre mais mortal do mundo. Uma mordida não tratada rapidamente pode matar em menos de meia hora.

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