Usar remédio para refluxo por mais de 4 anos pode aumentar risco de demência em idosos, diz estudo

Cientistas descobriram que o uso por mais de quatro anos de remédios para tratar refluxo gástrico, como omeprazol e pantoprazol, pode aumentar o risco de demência em idosos. A descoberta consta de um estudo publicado na última quarta (9/8) na revista médica Neurology.

A pesquisa analisou mais de 5.700 pessoas, com média de idade de 75 anos, que não tinham demência no início do estudo. Elas foram acompanhadas por 5,5 anos. Todos os voluntários tinham prescrição de medicamentos inibidores da bomba de prótons para refluxo gástrico frequente, úlceras estomacais ou outros problemas do trato digestivo. Aqueles que tomaram a medicação por mais de 4,4 anos apresentaram 33% mais chance de desenvolver demência em comparação com os que não usaram esse tipo de tratamento.

O refluxo ocorre quando o ácido escapa do estômago e atinge o esôfago, muitas vezes após uma refeição ou antes de dormir. Essa condição pode danificar o esôfago e aumentar o risco de câncer. Os inibidores da bomba de prótons, como omeprazol e pantoprazol, reduzem a liberação do ácido estomacal.

Como mostra o jornal americano USA Today, estudos anteriores apresentaram resultados variados em relação ao uso desses medicamentos e o risco de demência. Duas grandes pesquisas de revisão não encontraram ligações significativas entre problemas neurológicos, incluindo Alzheimer, e o uso de inibidores da bomba de prótons.

É importante ressaltar que o estudo atual, financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde (National Institutes of Health) dos EUA, não confirmou a relação direta entre essa classe de medicamentos e a demência, apenas apresentou evidências de que o uso prolongado pode representar um risco de demência – que costuma afetar cerca de um em cada três adultos acima de 85 anos.

Durante o período da pesquisa, os cientistas visitaram os voluntários ou conversaram pelo telefone. Aqueles que receberam prescrição de medicamentos para refluxo gástrico foram colocados em quatro grupos com base no tempo em que tomavam os medicamentos. Aqueles que usavam por pelo menos 4,4 anos apresentaram as maiores taxas de demência.

O estudo excluiu pessoas que usaram versões de venda livre (sem receita) dos remédios, alerta o USA Today. Após ajustar as variáveis idade, sexo, raça e comorbidades (como pressão alta e diabetes), os participantes que usaram a medicação por pelo menos 4,4 anos tiveram um risco 33% maior de desenvolver demência.