Bem-Estar

Suplemento da "moda", ribosídeo de nicotinamida pode "alimentar" o câncer, em vez de combatê-lo

Cientistas descobriram que esse tipo de vitmaina B3 atuaria fornecendo energia para as células do tumor

Por João Paulo Martins  em 14 de novembro de 2022

(Foto: Freepik)

 

Cientistas usaram tecnologia de imagem bioluminescente para estudar os efeitos no organismo do suplemento ribosídeo de nicotinamida, um tipo de vitamina B3. Anteriormente, esse nutriente foi associado a benefícios para o sistema cardiovascular, para o metabolismo e para o cérebro. No entanto, na pesquisa que sai na edição de janeiro de 2023 da revista científica Biosensors and Bioelectronics, foi demonstrado que o suplemento pode aumentar o risco de doenças graves, incluindo câncer.

Como mostra o site americano SciTechDaily, os cientistas descobriram que altos níveis de ribosídeo de nicotinamida podem não apenas aumentar o risco de alguém desenvolver câncer de mama, mas também fazer com que o tumor se espalhe (sofra metástase), podendo atingir até o cérebro. A equipe internacional de pesquisadores foi liderada por Elena Goun, professora associada de Química da Universidade de Missouri (EUA).

“Algumas pessoas tomam vitaminas e suplementos porque assumem automaticamente que eles só geram benefícios positivos para a saúde, mas muito pouco se sabe sobre como eles realmente funcionam. Devido à essa falta de conhecimento, fomos levados a estudar questões básicas de como vitaminas e suplementos funcionam no corpo”, comenta a pesquisadora, citada pelo site americano.

Como o ribosídeo de nicotinamida é um suplemento conhecido por ajudar a aumentar os níveis de energia das células, o câncer se “alimentaria” dessa energia, aumentando seu metabolismo. “Nosso trabalho é especialmente importante, dada a ampla disponibilidade comercial e um grande número de ensaios clínicos em humanos que estão em andamento, nos quais esse suplemento é usado para mitigar os efeitos colaterais de terapias contra o câncer”, diz Elena Goun ao SciTechDaily.

Os pesquisadores usaram a tecnologia de imagem bioluminescente para comparar e examinar os níveis de ribosídeo de nicotinamida nas células cancerosas, nas células T (de defesa do organismo) e em tecidos saudáveis.

“Embora o suplemento já esteja sendo amplamente utilizado em pessoas e investigado em muitos ensaios clínicos, muito de como o ribosídeo de nicotinamida funciona ainda é uma 'caixa preta'. Isso nos inspirou a criar essa nova técnica baseada em imagens bioluminescentes ultrassensíveis que permitem a quantificação dos níveis do suplemento em tempo real, de maneira não invasiva. A presença de ribosídeo de nicotinamida é mostrada com luz, e quanto mais brilhante, maior a quantidade da substância”, explica a pesquisadora da Universidade de Missouri.

Ela lembra que os resultados do estudo enfatizam a importância de se investigar cuidadosamente os possíveis efeitos colaterais de suplementos como o ribosídeo de nicotinamida antes de as pessoas usarem de forma indiscriminada para tratar problemas de saúde.

Segundo o SciTechDaily, os cientistas esperam que os resultados ajudem no desenvolvimento de inibidores que tornem os tratamentos contra o câncer, como a quimioterapia, mais eficazes.

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