Bem-Estar

Seguir muita gente no Instagram pode ser culpa da genética

Estudo associa as mutações no gene responsável pelos receptores do hormônio ocitocina ao comportamento nas redes sociais

Por João Paulo Martins  em 24 de setembro de 2021

(Fotos: Freepik)

 

Estudo publicado na última quarta (22/9) na revista científica Heliyon revela que pessoas com certa mutação genética associada ao hormônio ocitocina tendem a seguir mais perfis no Instagram.

De acordo com o site de notícias médicas Medical News Today, a pesquisa estabelece as bases para futuras investigações que analisem a relação entre os fatores genéticos e ambientais que afetam a sociabilidade de uma pessoa, particularmente em relação às redes sociais.

Para quem não sabe, a ocitocina é um hormônio que desempenha um importante papel na reprodução humana e pode influenciar o comportamento.

Algumas evidências sugerem que variações no gene OXTR, que codifica os receptores de ocitocina, também podem influenciar nas relações sociais humanas, revela o site especializado.

 

Instagram x Ocitocina

 

No estudo recém-publicado, os pesquisadores analisaram a relação entre as variantes do gene OXTR e o apego e o comportamento de jovens adultos no Instagram.

Como explica o Medical News Today, “apego” se refere às emoções e atitudes de um indivíduo em relacionamentos íntimos, por exemplo, o medo da rejeição e o desejo de relação íntima.

Os autores queriam entender como as alterações no OXTR e o apego podem influenciar o comportamento online.

“Considerando o papel central que as redes sociais como o Instagram desempenham em nossas vidas diárias, realizamos um estudo multidisciplinar para explorar os mecanismos que regem as interações online”, comenta o pesquisador Gianluca Esposito, da Universidade de Trento, na Itália, em entrevista ao site especializado.

Os cientistas recrutaram 57 voluntários (41 mulheres e 16 homens) na Universidade Tecnológica de Nanyang, em Cingapura. Todos tinham 30 anos ou menos e não apresentavam histórico de distúrbios neurológicos, psiquiátricos ou genéticos.

É importante ressaltar que todos possuíam conta no Instagram e o DNA deles foi analisado pelos pesquisadores.

Os participantes deviam preencher um questionário para determinar o estilo de apego de cada um em relação às pessoas com as quais possuíam algum relacionamento próximo.

No estudo, um software foi usado para analisar a conta do Instagram de cada voluntário, levando em conta o número de postagens, quantas pessoas eram seguidas e quantas os seguiram.

 

Fator genético x Redes sociais

 

Segundo o Medical News Today, os pesquisadores descobriram que os participantes com a variante rs53576 e genótipo AA no gene OXTR seguiam mais pessoas no Instagram em comparação com os demais, independentemente do tipo de apego.

No entanto, não foi encontrada relação clara entre a mutação no gene dos receptores de ocitocina e o apego. Também não houve ligação entre as variantes do OXTR, apego e sociabilidade na rede social.

“O estudo revela associações potenciais entre o comportamento do Instagram, predisposições genéticas e ansiedade ou medo em relacionamentos íntimos. Por exemplo, o número de contas que uma pessoa segue no Instagram pode estar ligado a partes específicas do gene do receptor de ocitocina. Os resultados atestam a contribuição significativa dos componentes ambientais e genéticos ao examinar o comportamento humano nas mídias sociais”, afirma Gianluca Esposito ao Medical News Today.

É preciso salientar que a pesquisa possui limitações. Além do pequeno número de participantes, todos possuem o mesmo contexto social e há proporção desigual entre os sexos.

Além disso, foi medida apenas uma rede social e os próprios voluntários preenchiam os questionários, abrindo espaço para respostas desonestas ou mal interpretadas.

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