Bem-Estar

Quer viver mais? Beba até três xícaras de café todos os dias, sugere estudo

A ingestão de duas a três xícaras de café coado diariamente pode reduzir em 27% o risco de morte precoce, segundo a pesquisa observacional

Por João Paulo Martins  em 27 de setembro de 2022

(Foto: Freepik)

 

Beber café descafeinado, coado ou instantâneo pode ajudar a viver mais em comparação com quem não consome essa bebida, diz estudo de revisão publicado nesta terça (27/9) no periódico científico European Journal of Preventive Cardiology.

Segundo o jornal britânico The Telegraph, os cientistas descobriram que a ingestão de duas a três xícaras por dia pode reduzir o risco de morte precoce e de desenvolvimento de doenças cardiovasculares em comparação com as pessoas que não tomam café descafeinado, em pó (coado) ou instantâneo.

O benefício da bebida, acreditam os pesquisadores, seria decorrente de compostos químicos encontrados nos próprios grãos de café e não em função da presença da cafeína (substância estimulante).

Foram analisados dados de quase 500.000 britânicos que participam do banco de dados UK BioBank, do Reino Unido. Entre as informações fornecidas estavam dados genéticos e respostas a questionário completo que incluía o quanto café era ingerido.

De acordo com o jornal britânico, os participantes foram agrupados em seis categorias, que tinham como base a ingestão diária de café: nenhuma xícara, menos de uma, apenas uma, de duas a três, de quatro a cinco e mais de cinco xícaras por dia.

 

Benefício com duas a três xícaras diárias

 

Cerca de um em cada cinco participantes disse que não bebia café, enquanto quase 50% disseram que costumam ingerir do tipo instantâneo. Um em cada seis informou que gosta de café coado, enquanto 15% relataram beber apenas descafeinado.

Durante o acompanhamento de 12 anos do estudo, 27.809 pessoas morreram, mas as que bebiam café eram estatisticamente menos propensas a morrer em comparação os abstêmios.

Como mostra o The Telegraph, os pesquisadores descobriram que o “ideal” era o consumo de duas a três xícaras de café diariamente. Além disso, quem bebia essa quantidade de café descafeinado apresentou 14% menos risco de morte precoce em comparação com os que não consumiam a bebida. Aqueles que ingeriam café coado e instantâneo tiveram risco reduzido em 27% e 11%, respectivamente.

O café descafeinado diminuiu em 6% as chances de os participantes apresentarem doenças cardiovasculares. Esse risco foi 20% menor em quem bebia café coado e de 9% para o instantâneo.

“Neste grande estudo observacional, café coado, instantâneo e descafeinado foram associados a reduções equivalentes na incidência de doenças cardiovasculares e morte por doença cardiovascular ou qualquer outra causa. Os resultados sugerem que a ingestão leve a moderada de café coado, instantâneo e descafeinado deve ser considerada parte de um estilo de vida saudável. A cafeína é o constituinte mais conhecido do café, mas a bebida contém mais de 100 componentes biologicamente ativos”, diz o pesquisador Peter Kistler, do Instituto Baker de Cardiologia e Diabetes, da Austrália, um dos autores do estudo, citado pelo jornal britânico.

Para ele, é provável que os compostos não associados à cafeína tenham papel dominante nos benefícios gerados pelo consumo da bebida.

 

Quem bebe café vive mais

 

Esse estudo observacional é apenas mais um que relaciona o café à melhoria da saúde humana.

Como lembra o The Telegraph, uma pesquisa feita pelas universidades Semmelweis, da Hungria, e Queen Mary, do Reino Unido, divulgada em agosto de 2021 na conferência da Sociedade Europeia de Cardiologia, descobriu que três xícaras por dia de café coado pode reduzir em 17% o risco de doença cardíaca e em 21% as chances de derrame.

Outro estudo, publicado em junho deste ano no periódico Annals of Internal Medicine, descobriu que as pessoas que bebiam regularmente café vivem mais do que os abstêmios, mesmo que adicionem açúcar à bebida.

Para o nutricionista Duane Mellor, da Universidade Aston, do Reino Unido, que não esteve envolvida nos estudos, diz ao jornal britânico que esse benefício para a saúde já foi visto antes para o chá. “Então os benefícios para a saúde podem não ser específicos do café, mas do tipo de estilo de vida da pessoa que bebe chá e café, que deve ser mais saudável e, assim. viver vidas mais longas”, comenta o especialista.

Por serem pesquisas observacionais, não há comprovação de efeito causal. Portanto, são necessários ensaios clínicos randomizados para entender a relação entre a ingestão de café e os benefícios para a saúde.

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