Bem-Estar

Moscas das frutas e humanos escolhem o que comer da mesma forma, diz pesquisa

Análise da atividade do cérebro das drosófilas revela que na hora da alimentação, elas são "controladas" pela neuroquímica, tal qual as pessoas

Por João Paulo Martins  em 07 de julho de 2021

Ao baixar o metabolismo das drosófilas, as moscas das frutas, cientistas descobriram que elas deixam de escolher alimentos mais calóricos (Foto: iStock)

Apesar de parecerem nojentas, as moscas das frutas (drosófilas) têm gosto exigente. Elas examinam os prováveis alimentos em busca de calorias nutritivas e doces, evitando alimentos amargos e potencialmente tóxicos. Porém, só agora cientistas descobriram como se dá essa escolha dentro do cérebro dos insetos.

Um estudo realizado pela Universidade de Yale, nos EUA, que também pode ajudar a esclarecer como as pessoas fazem suas escolhas alimentares, forneceram duas opções às drosófilas: alimentos doces e nutritivos misturados com quinino amargo; e comidas menos doces, sem amargor e com baixo índice calórico. Então, usando teste de neuroimagem, eles rastrearam a atividade neural dos insetos enquanto faziam a escolha do que comer.

“Depende de quão famintas elas estão. Quanto mais famintas, maior é a probabilidade de tolerar o sabor amargo para obter mais calorias”, comenta o pesquisador Michael Nitabach, principal autor do estudo, citado pelo site de notícias científicas Phys.org.

Mas a verdadeira explicação para como as moscas das frutas tomam essas decisões é um pouco mais complexa, de acordo com o estudo publicado na última segunda (5/7), na revista Nature Communications.

Descobertas da pesquisa de Yale

De acordo com os cientistas, as drosófilas transmitem informações sensoriais para uma parte do cérebro em forma de leque, onde os sinais são integrados e, então, é feita a decisão. Os padrões de atividade neural nessa área das moscas mudam de forma adaptativa quando novas escolhas alimentares são introduzidas, o que dita a decisão sobre o que comer, revelam os pesquisadores, citados pelo site especializado.

Curiosamente, o estudo descobriu que é possível mudar a escolha da drosófila ao manipular os neurônios que alimentam a região em forma de leque. Por exemplo, quando causaram uma diminuição na atividade dos neurônios envolvidos no metabolismo, isso fez com que as moscas das frutas escolhessem o alimento com menos calorias.

É aí que esses insetos se tornam “parecidos” com os humanos em relação às escolhas alimentares. Tanto a atividade neural da drosófila quanto a do cérebro humano são reguladas pela secreção de neuropeptídeos e pelo neurotransmissor dopamina (nas pessoas gera a sensação de recompensa).

Mudanças nessa rede podem alterar a forma como o cérebro responde a diferentes tipos de alimentos. Em outras palavras, a neuroquímica às vezes pode ditar nossa dieta, apesar de acharmos que estamos escolhendo as comidas conscientemente.

“O estudo fornece um modelo para entender como fome, estados emocionais e outras cosias influenciam nosso comportamento alimentar”, diz Michael Nitabach ao Phys.org.

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