Bem-Estar

Mesmo pequenas quantidades de álcool fazem mal para homens com menos de 40 anos

Isso é o que mostra um estudo recém-publicado que analisou o risco para a saúde do consumo de bebidas alcoólicas ao longo dos anos

Por João Paulo Martins  em 15 de julho de 2022

(Foto: Pixabay)

 

Bebidas alcoólicas podem fazer muito mal para a saúde dos jovens e, em pouca quantidade, pode gerar algum benefício para os adultos mais velhos, segundo estudo publicado na última quinta (14/7) na revista científica The Lancet.

A conclusão faz parte do projeto de larga escala intitulado Global Burden of Diseases, comandado por pesquisadores da Universidade de Washington, em Seattle, nos EUA. Ele analisa dados abrangentes sobre as principais causas de doenças e mortes no mundo.

Na pesquisa atual, segundo o jornal britânico The Guardian, os cientistas descobriram que jovens podem ter sérios riscos à saúde com o consumo de álcool, enquanto adultos com 40 anos ou mais, sem comorbidades (problemas subjacentes, como hipertensão), podem se beneficiar do consumo limitado de bebidas, como uma pequena taça de vinho tinto por dia, que ajudaria a reduzir a chance de aparecimento de doenças cardiovasculares, derrame e diabetes.

Os pesquisadores sugerem que as recomendações globais de consumo de álcool devem ser baseadas na idade e na localização dos cidadãos, especialmente para homens de 15 a 39 anos, que estão no grupo de maior risco relacionado às bebidas.

“Nossa mensagem é simples: os jovens não devem beber, mas os mais velhos podem se beneficiar bebendo pequenas quantidades. Embora não seja realista pensar que jovens adultos irão se abster da bebida, achamos importante comunicar as evidências mais recentes para que todos possam tomar decisões relacionadas à saúde”, comenta a pesquisadora Emmanuela Gakidou, da Universidade de Washington, uma das colaboradoras do Global Burden of Diseases, citada pelo jornal britânico.

A estimativa do projeto é que 1,34 bilhão de pessoas, de 204 países, tenham consumido quantidades nocivas de álcool em 2020. Desse total, 59% tinham entre 15 e 39 anos, correspondendo ao grupo que pode sofrer consequências negativas das bebidas, incluindo acidentes de carro, suicídios e assassinatos. Como mostra o The Guardian, 75% desses bebedores eram homens.

Os cientistas usaram como base o nível de álcool que poderia ser consumido sem aumentar os riscos à saúde e descobriram que ele aumenta ao longo da vida. O consumo padrão foi um copo de 100 ml de vinho tinto com 13% de álcool ou uma lata de 375 ml de cerveja, com teor alcoólico de 3,5%.

O estudo revela que, para homens de 15 a 39 anos, a quantidade máxima de álcool que poderia ser ingerida diariamente sem “arriscar a saúde” é de apenas 13,6% do consumo diário padrão. Para mulheres da mesma idade, o “nível mínimo teórico de exposição ao risco” foi de 27,3%.

Para adultos de 40 anos ou mais, sem nenhuma condição de saúde subjacente, beber uma pequena quantidade de álcool foi associada a certos benefícios à saúde, como reduzir o risco de doença cardíaca isquêmica, acidente vascular cerebral e diabetes, informa o jornal britânico.

Entre os voluntários de 40 a 64 anos, os níveis de consumo seguro de álcool variaram de cerca de 50% do consumo diário padrão a quase o dobro do recomendado. Para aqueles com 65 anos ou mais, os riscos de “perda de saúde pelo consumo de álcool” foram alcançados após o consumo de pouco mais de três vezes o consumo diário recomendado.

Mas, em média, a ingestão de álcool indicada para adultos com mais de 40 anos permaneceu baixa, chegando a 1,87 do consumo diário padrão. Mais que isso, os riscos à saúde aumentam.

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