Bem-Estar

Máscaras podem ter produtos tóxicos como compostos perfluorados (PFCs)

Testes feitos na Alemanha descobriram níveis preocupantes de substâncias perigosas em algumas proteções faciais vendidas para o público em geral

Por João Paulo Martins  em 02 de abril de 2021

(Foto: Unsplash)

Algumas máscaras de proteção facial usadas pela maioria das pessoas contêm produtos químicos tóxicos, de acordo com cientistas ouvidos pela revista britânica de sustentabilidade Ecotextile News.

Análises mostram que máscaras podem ter níveis significativos de formaldeído e compostos perfluorados, considerados perigosos quando em contato com a boca por longos períodos de tempo.

Esses produtos químicos podem causar problemas como olhos lacrimejantes, queimação no nariz e na garganta, bem como tosse, respiração ofegante e náusea.

Embora os cientistas enfatizem que a pesquisa não inclui todos os tipos de máscaras, algumas proteções faciais disponíveis para venda ao público em geral parecem conter quantidades alarmantes das substâncias tóxicas.

Muitas não são regulamentadas e costumam ficar aquém dos padrões de grau médio para EPI (Equipamento de Proteção Individual).

Análises na Alemanha

Os testes divulgados pela Ecotextile News foram conduzidos pelo pesquisador Michael Braungart, do EPEA Instituto Ambiental de Hamburgo, na Alemanha. Ele descobriu que as máscaras que causaram urticária nos voluntários pareciam conter produtos químicos prejudiciais como formaldeído.

“O que respiramos pela boca e pelo nariz é, na verdade, lixo perigoso. Encontramos formaldeído e até mesmo anilina. Notamos fragrâncias artificiais desconhecidas que estavam sendo aplicadas para cobrir odores químicos desagradáveis na máscara”, comenta Braungart à revista britânica.

O formaldeído costuma dar um cheiro de “limpeza” quando se abre um pacote de máscaras, enquanto a anilina é um corante conhecido por ser cancerígeno.

“No caso das máscaras cirúrgicas de cor azul, encontramos cobalto, que pode ser usado como um corante. Em suma, temos um coquetel químico na frente do nariz e da boca que nunca foi testado para toxicidade ou quaisquer efeitos de longo prazo na saúde”, afirma o pesquisador alemão à Ecotextile News.

Outro componente perigoso

Quem também realizou testes nas proteções faciais foi a empresa alemã de testes industriais Modern Testing Services, sediada em Augsburg. Ela encontrou evidências de compostos perfluorados (PFCs) perigosos.

Os PFCs são tóxicos para a saúde humana, com muitos cientistas pedindo sua proibição para uso não essencial.

“Honestamente, eu não esperava que PFCs fossem encontrados numa máscara cirúrgica, mas temos processos especiais de rotina em nossos laboratórios para detectar esses produtos químicos de forma fácil e imediata. Parece que foi aplicado deliberadamente como um repelente de fluidos. Funcionaria para repelir vírus que estejam dentro de gotas de aerossol. Mas o PFC no nariz, nas membranas mucosas ou nos olhos não é bom”, diz  Dieter Sedlak, co-fundador da empresa de testes, também em entrevista à revista britânica.

O revestimento à prova d'água que muitas vezes cobre jaquetas e mochilas possui compostos perfluorados, mas eles não são projetados para serem usados próximos ao rosto ou sobre a cara.

Enquanto as concentrações de PFCs encontradas nas máscaras estavam dentro do limite seguro de 16 mg/kg, a exposição prolongada próximo ao rosto pode fazer com que os níveis aumentem além do limite de segurança, alerta o especialista.

Apesar dessas descobertas, os pesquisadores salientam que os testes foram realizados com um pequeno número de máscaras. Portanto, não é impossível avaliar a extensão dos níveis desses produtos químicos nas proteções faciais.

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