Bem-Estar
Especialista alerta para os riscos do antiviral Paxlovid, da Pfizer, em pacientes com problemas cardiovasculares
Medicamento indicado no tratamento da Covid-19 possui várioas interações medicamentosas preocupantes
Depois que a Food and Drug Administration (FDA), espécie de Vigilância Sanitária dos Estados Unidos, aprovou o uso do remédio Paxlovid, da biofarmacêutica americana Pfizer, no tratamento da covid-19, as pílulas se tornaram uma esperança para reduzir a gravidade da doença. Porém, um especialista alerta para possíveis efeitos negativos no sistema cardiovascular.
Segundo informação divulgada pela própria Pfizer, o Paxlovid pode reduzir o risco de hospitalização ou morte em 88% em pacientes com coronavírus quando tomado dentro de cinco dias após o início dos sintomas.
Na última sexta (4/2), o Instituto Lazzaro Spallanzani, em Roma, na Itália, virou notícia ao ter o primeiro paciente com covid a ser tratado com o medicamento antiviral da biofarmacêutica americana.
A FDA publicou um documento voltado a profissionais da saúde sobre o uso do Paxlovid e inclui, além de possíveis efeitos colaterais, contraindicações em caso de uso de certos remédios, comuns para tratamento de doenças como pressão alta, diabetes, insuficiência cardíaca e arritmias.
Alguns dos medicamentos para cardiopatias comuns que não devem ser tomados junto com as pílulas da Pfizer incluem: Miodon (amidarona), Zocor (sinvastatina) e Ritmonorm (propafenona).
Segundo o cardiologista americano David Becker, da clínica Chestnut Hill Temple Cardiology, em Flourtown, Pensilvânia (EUA), alguns desses fármacos podem ser interrompidos durante o uso do Pavlovid. “Mas outros remédios, como amiodarona, ficam no corpo por um bom tempo, e a adição de Paxlovid é completamente contraindicada”, alerta o especialista, que tem 25 anos de experiência, em artigo publicado na última quarta (2/2) no jornal americano The Philadelphia Inquirer.
O medicamento para covid-19 contém nirmatrelvir, que inibe uma proteína do coronavírus (SARS-CoV-2), impedindo a replicação do micro-organismo, e ritonavir, que retarda a degradação do nirmatrelvir para ajudá-lo a permanecer no corpo por um período mais longo em concentrações mais elevadas.
“Tomar Paxlovid não é uma decisão fácil. É muito eficaz nos estudos feitos até agora, especialmente nos não vacinados. No entanto, o medicamento interfere com tantos medicamentos usados para condições médicas crônicas que precisa ser tomado com cuidado”, diz Becker no artigo recente.
Ele revela que pode ficar relutante em receitar o antiviral da Pfizer para seus pacientes que muitos fármacos, já que é preciso entender as interações medicamentosas antes do uso. “Não é uma panaceia [suposta propriedade benéfica]. Vacinar para reduzir o risco de complicações como morte e hospitalização parece uma opção muito mais segura”, completa o cardiologista americano.