Bem-Estar

Ecstasy pode ajudar a tratar estresse pós-traumático, segundo estudo

Cientistas usaram a 3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA) junto à terapia individual em pacientes com transtorno do estresse pós-traumático e o resultado foi animador

Por João Paulo Martins  em 11 de maio de 2021

(Foto: Pixabay)

Difícil de ser tratado, o transtorno do estresse pós-traumático é caracterizado por depressão, desesperança, problemas de memória, dificuldade de manter relacionamentos e visões recorrentes do evento causador do trauma.

Normalmente são usados medicamentos antidepressivos que inibem o neurotransmissor serotonina, como as drogas sertralina e paroxetina. Porém, elas costumam não dar resultado em até 60% dos pacientes, segundo matéria divulgada nesta terça (11/5) pela revista americana Time.

A boa notícia é que um estudo publicado na última segunda (10/5) na revista científica Nature Medicine sugere que pode haver um novo tratamento poderoso para combater o estresse pós-traumático: a 3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA), a substância alucinógena mais conhecida como ecstasy.

Entenda a pesquisa com MDMA

No estudo liderado pela Universidade da Califórnia, nos EUA, o uso de três doses de ecstasy somadas à terapia individual ao longo de 18 semanas foi significativamente mais eficaz no tratamento dos sintomas do transtorno do estresse pós-traumático do que o mesmo acompanhamento psicológico associado a um placebo.

Em alguns casos, de acordo com a pesquisa, os voluntários que receberam a MDMA não foram mais diagnosticados com o transtorno ao final do período de estudo.

É preciso dizer que a amostragem usada no estudo é relativamente pequena (apenas 90 pessoas), mas conforme revista, todos os participantes sofreram muito com a doença neurológica – em média 14,8 anos desde o início dos sintomas.

O grupo incluía veteranos que sofreram traumas de combate, vítimas de agressão sexual e/ou violência doméstica, pessoas que passaram por tiroteios em massa e alguns que sofreram traumas na infância.

Como alerta a Time, não está claro como a 3,4-metilenodioximetanfetamina funciona, mas o estudo sugere que a substância alucinógena pode aumentar a disponibilidade do neurotransmissor serotonina no cérebro.

De qualquer forma, os cientistas reconhecem que mais acompanhamento é necessário para determinar quanto tempo duram os impactos positivos do tratamento com ecstasy. Além disso, os resultados de forma alguma indicam que a intervenção tradicional não pode ser eficaz; na verdade, em média, todos os indivíduos se beneficiaram com as 18 semanas de cuidados.

Mas o grupo que recebeu MDMA claramente se saiu melhor. Os cientistas afirmam que isso pode ser atribuído à capacidade da droga de tornar as pessoas mais pró-sociais (ou mais capazes de se conectar com outras), melhorando o relacionamento com o médico ou psicólogo e tornando a terapia mais eficaz.

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