Bem-Estar
Dormir com luz acesa pode fazer mal para o coração, diz estudo
A luminosidade na hora de dormir pode afetar o metabolismo da glicose e o sistema cardiovascular
Dormir com a luz acesa pode ajudar quem tem medo do escuro, mas está ligado a um risco aumentado de doenças cardíacas e diabetes, sugere pesquisa publicada na última segunda (14/3) na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.
A luminosidade é um importante fator usado pelo nosso relógio biológico, que controla uma série de processos internos, desde a regulação da temperatura corporal até a liberação de hormônios. O chamado ritmo circadiano é sincronizado conforme o ciclo dia-noite.
Como mostra o jornal britânico The Guardian, estudos anteriores já revelaram que manter as luzes acesas à noite pode aumentar o risco de obesidade em mulheres e diabetes tipo 2 entre idosos. Agora, pesquisadores dos EUA dizem que pessoas que são expostas à luz artificial na hora de dormir mostram pior regulação da glicose e do sistema cardiovascular em comparação com aquelas que descansavam no escuro, algo que pode estar relacionado ao sistema de alerta do corpo.
“Descobrimos que a luz, mesmo que uma quantidade modesta, aumenta a ativação do sistema nervoso autônomo, que foi associado à maior frequência cardíaca e à diminuição da sensibilidade à insulina”, comenta a pesquisadora Phyllis Zee, da Universidade de Northwestern, nos EUA, uma das autoras do estudo, citada pelo jornal britânico.
Zee e colegas estudaram a tolerância à glicose e a frequência cardíaca de 20 pessoas durante duas noites, sendo que 10 passaram esse período dormindo com pouca luz, enquanto as outras 10 ficaram numa sala com pouca luz e, na noite seguinte, numa sala com iluminação de cerca de 100 lux, o que equivale a um dia nublado.
De acordo com o The Guardian, os resultados sugerem que, enquanto os níveis de melatonina (hormônio que promove o sono) foram semelhantes em ambos os grupos, os voluntários que passaram a noite com as luzes acesas apresentaram maior resistência à insulina pela manhã e maior frequência cardíaca e menor variação da pressão baixa.
“Como estudamos apenas uma noite e em um grupo saudável, não podemos dizer se isso é clinicamente significativo. No entanto, a mudança na insulina seria considerada uma mudança fisiologicamente importante, que pode se traduzir em risco de doença”, alerta a cientista, citada pelo periódico.