Bem-Estar

Comer peixe regularmente pode ajudar o cérebro de adultos de meia-idade, diz estudo

Cientistas associam a maior concentração de ômega-3 no organismo à maior proteção das células cerebrais

Por João Paulo Martins  em 07 de outubro de 2022

(Foto: Freepik)

 

Consumir peixe regularmente pode ajudar a manter a saúde do cérebro de pessoas de meia-idade, sugere estudo publicado na última quarta (5/10) na revista científica Neurology.

Segundo os cientistas, quem tem de 40 a 50 anos e come salmão, sardinha e outros peixes ricos em ácidos graxos ômega-3 apresenta uma estrutura cerebral mais saudável e pensamento mais ágil.

A maior presença desse nutriente nas células foi associada a um hipocampo maior, que é a parte do cérebro que desempenha um papel importante no aprendizado e na memória, afirma o jornal britânico The Times. O ômega-3 também foi associado a um melhor desempenho em testes de raciocínio abstrato.

O estudo recém-publicado sugere que os adultos de meia-idade podem se beneficiar desses efeitos ao consumir, pelo menos, uma porção de peixe rico em ômega-3 por semana, com uma porção de cerca de 113 g (aproximadamente o tamanho de um maço de cartas de baralho).

“Estudos já analisaram essa associação em populações mais velhas. A nova contribuição aqui é que, mesmo em idades mais jovens, se você tem uma dieta que inclui alguns ácidos graxos ômega-3, já está protegendo seu cérebro”, comenta a pesquisadora Claudia Satizabal, da Universidade do Texas em San Antonio, nos EUA, principal autora do estudo, citada pelo jornal britânico.

A cientista e seus colegas analisaram os níveis do ácido graxo nos glóbulos vermelhos de quase 2.200 adultos, com idade média de 46 anos. Eles também avaliaram um subconjunto de participantes que tinham um gene chamado APOE4, ligado a um maior risco de doença cardiovascular e demência. A maior presença de ômega-3 no organismo reduziu os danos nos vasos sanguíneos desse grupo. O gene APOE está envolvido no transporte e uso de gorduras no corpo, incluindo compostos do ácido graxo.

Em entrevista ao The Times, a cientista Sara Imarisio, da ONG britânica Pesquisa do Alzheimer (Alzheimer's Research), diz que o estudo atual não é capaz de provar que o ômega-3 deixa os cérebros mais saudáveis, mas concorda que a dieta é essencial para a condição cerebral.

“A pesquisa sobre ômega-3 e saúde cerebral produziu resultados mistos e, embora esse estudo acrescente à base de evidências, é exploratório e não conclusivo”, comenta Sara.

No estudo, foi usada uma técnica chamada cromatografia gasosa para medir as concentrações nos glóbulos vermelhos de dois ácidos graxos ômega-3: ácido docosahexaenoico (DHA) e ácido eicosapentaenoico (EPA).

Não foi possível identificar como o DHA e o EPA são capazes de proteger o cérebro. Como mostra o jornal britânico, uma teoria é que como esses dois ácidos graxos atuam na membrana das células nervosas, quando são substituídos por outras gorduras acabam deixando essas células mais instáveis.

Outra explicação seriam as propriedades anti-inflamatórias do DHA e do EPA. “É complexo. Ainda não entendemos tudo, mas mostramos que, de alguma forma, se você aumentar um pouco o consumo de ômega-3, estará protegendo seu cérebro”, afirma Claudia Satizabal ao The Times.

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