Bem-Estar

Cientistas confirmam que pensar demais pode causar fadiga

Estudo descobre que o trabalho mental extenuante gera um resíduo que “sobrecarrega” o cérebro e leva ao cansaço

Por João Paulo Martins  em 13 de agosto de 2022

(Foto: Freepik)

 

Quem disse que apenas o trabalho braçal cansa? Segundo estudo publicado na última quinta (11/8) na revista científica Current Biology, ficar sentado pensando por muitas horas pode deixar a pessoa se sentindo esgotada.

De acordo com os cientistas, quando o trabalho cognitivo intenso se dá por várias horas, faz com que subprodutos potencialmente tóxicos se acumulem na parte do cérebro conhecida como córtex pré-frontal. Isso altera o controle que a pessoa tem sobre as decisões, fazendo com que opte por ações de baixo custo de energia ou que não exijam esforço, levando á fadiga, diz o site americano Neuroscience.

“Algumas teorias sugeriam que a fadiga é uma espécie de ilusão inventada pelo cérebro para nos fazer parar o que estamos fazendo e nos voltarmos para uma atividade mais gratificante. Mas nossas descobertas mostram que o trabalho cognitivo resulta em uma verdadeira alteração funcional. Então a fadiga seria de fato um sinal que nos faria parar de trabalhar, mas com um propósito diferente: preservar a integridade do funcionamento do cérebro”, explica o pesquisador Mathias Pessiglione, da Universidade Sorbonne, na França, um dos autores do estudo, citado pelo site americano.

Enquanto as máquinas podem computar continuamente, o cérebro não consegue. Os cientistas queriam descobrir o porquê. Eles suspeitavam que o motivo tinha a ver com a necessidade de reciclar substâncias potencialmente tóxicas que surgem da atividade neural.

Para procurar evidências disso, eles usaram um exame chamado espectroscopia de ressonância magnética para monitorar a química do cérebro ao longo de um dia de trabalho. Eles analisaram dois grupos de pessoas: as que precisavam pensar muito e as que tinham tarefas cognitivas relativamente mais fáceis.

Eles viram sinais de fadiga, incluindo dilatação reduzida da pupila, apenas no grupo que fazia trabalho mental “pesado”. Esses participantes também mostraram que suas escolhas mudaram para ações que possibilitavam recompensas em curto prazo usando pouco esforço. Ao mesmo tempo, apresentavam níveis mais altos de glutamato (tipo de aminoácido) nas sinapses do córtex pré-frontal, revela o Neuroscience.

Segundo o estudo recente, o acúmulo de glutamato torna a ativação adicional do córtex pré-frontal mais complicada, deixando o controle cognitivo mais difícil após um dia de trabalho mentalmente extenuante.

Existe alguma maneira de contornar essa limitação do nosso cérebro? “Na verdade, receio que não. Eu usaria a boa e velha receita: descansar e dormir! Há boas evidências de que o glutamato é eliminado das sinapses durante o sono”, comenta Mathias Pessiglione, citado pelo site americano.

Carregar Mais