Bem-Estar
Cientistas associam maior teor de cafeína no sangue à perda de peso e ao baixo risco de diabetes
Estudo descobre que fatores genéticos podem fazer com que pessoas tenham mais cafeína no sangue e, com isso, menos gordura corporal e baixo risco de diabetes tipo 2
Uma boa notícia para os amantes de café: um estudo publicado na última terça (14/3) no periódico científico BMJ Medicine revela que altos níveis de cafeína no sangue podem ajudar a diminuir a quantidade de gordura corporal e até reduzir o risco de diabetes tipo 2.
No entanto, os pesquisadores não informam a quantidade específica de café que uma pessoa deveria beber para receber esses benefícios. Sem falar que açúcar e outros produtos adicionados à bebida podem desfazer os supostos efeitos benéficos.
Segundo a emissora francesa Euronews, estudos anteriores sugeriram que beber diariamente de três a cinco xícaras de café – contendo em média de 70 a 150 mg de cafeína – estava associado a um menor risco de diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares. Uma pesquisa de setembro de 2022 também associou o consumo da bebida descafeinada, coada ou instantânea ao menor risco de morte precoce.
O diferencial do estudo atual é que ele usou uma técnica conhecida como randomização mendeliana, que se baseia em evidências genéticas para apoiar a relação de causa e efeito.
Como mostra a emissora francesa, os cientistas examinaram o papel de duas variantes genéticas comuns associadas à velocidade do metabolismo da cafeína.
Os participantes que carregavam genes ligados ao metabolismo mais lento da cafeína bebiam menos café, em média, mas apresentavam níveis mais altos da substância no sangue do que as que a metabolizavam de forma mais rápida.
Os pesquisadores usaram essas variantes genéticas para determinar os níveis de cafeína no sangue de quase 10.000 voluntários que participaram de seis estudos de longo prazo.
Eles descobriram que níveis mais altos de cafeína no sangue estavam associados a um índice de massa corporal (IMC) mais baixo e a um risco reduzido de diabetes tipo 2, revela a Euronews.
Essa substância comum no café é conhecida por aumentar o metabolismo e a queima de gordura e, ao mesmo tempo, reduzir o apetite. Uma ingestão diária de 100 mg pode ajudar a aumentar o gasto de energia em cerca de 100 calorias por dia.
Os pesquisadores também usaram a randomização mendeliana para identificar como os níveis de cafeína no sangue estavam associados ao risco de diabetes tipo 2, por meio da perda de peso. Eles descobriram que essa relação era de 43%, de acordo com a emissora.
Então devemos tomar mais café por dia?
Se você costuma beber muitas xícaras de café por dia, pode significar que seu metabolismo de cafeína é do tipo mais rápido. Com isso, como os níveis da substância reduzem rapidamente no sangue, acaba precisando “reabastecê-la” com frequência.
No entanto, segundo o pesquisador Dipender Gill, da universidade Imperial College, de Londres, no Reino Unido, principal autor do estudo, os achados não mostram que ter um metabolismo de cafeína acelerado representa maior risco de obesidade ou diabetes.
“Quando se trata do indivíduo, o ritmo que metaboliza a cafeína tem um impacto tão pequeno no peso corporal que não ser de explicação, por si só. Mas a abordagem que usamos ajuda a confirmar ou apoiar que há um efeito em grandes tamanhos de amostra”, comenta o cientista à Euronews.
Em outras palavras, o estudo mostra que há evidências genéticas de que níveis mais altos de cafeína no sangue ajudam a reduzir o peso corporal e o risco de diabetes, mas não explica o que ocorre em termos individuais. Portanto, não se deve mudar o hábito de consumo de café com base exclusivamente na pesquisa recém-publicada.
“Os indivíduos não devem alterar seus hábitos alimentares ou estilo de vida com base apenas nos resultados deste estudo, porque, além de ter potenciais efeitos benéficos, a cafeína também pode ter efeitos nocivos se consumida em excesso”, alerta Dipender Gill.
Os pesquisadores pretendem realizar novos estudos sobre os benefícios das bebidas com cafeína e sem calorias, para isolar ainda mais o efeito da substância e dissipar possíveis mitos sobre o consumo de café.