Bem-Estar

Autistas têm dificuldade para reconhecer a raiva, diz estudo

Cientistas descobriram que a velocidade e a intensidade da expressão de raiva afetam a capacidade de reconhecimento dessa emoção pela pessoa com transtorno do espectro autista

Por João Paulo Martins  em 02 de junho de 2021

(Foto: Freepik)

Pessoas com transtorno do espectro autista têm dificuldade para identificar expressões faciais devido à velocidade e à intensidade com que são produzidas, de acordo com um estudo realizado pela Universidade de Birmingham, no Reino Unido.

Cientistas descobriram que os portadores de autismo podem identificar com menos precisão a raiva a partir de expressões faciais produzidas na velocidade “normal”. Além disso, para as pessoas com alexitimia (dificuldade para descrever emoções), todas as expressões faciais pareciam mais intensamente emocionais.

Há mais de 30 anos, a ciência busca entender como os autistas reconhecem e se relacionam com a expressão das emoções e apenas na última década a relação entre autismo e alexitimia foi explorada.

O estudo atual foi publicado na última sexta (28/5) no periódico científico Journal of Autism and Developmental Disorders e usa técnicas inovadoras para explorar os diferentes impactos do autismo e da alexitimia na capacidade e precisão do reconhecimento das emoções sugeridas por diferentes expressões faciais.

Como foi o estudo sobre autismo e sentimentos

Os pesquisadores convidaram 29 não autistas e 31 autistas para identificar sentimentos a partir de uma série de imagens em movimento que eram compostas por expressões faciais indicadas por pontos dinâmicos – tal qual programadores realizam movimento humano nas animações em 3D.

As imagens foram exibidas em diferentes intensidades emocionais, variando a quantidade de movimento em cada expressão e a velocidade com que eram produzidas.

A equipe descobriu que os participantes autistas e não autistas tinham capacidades de reconhecimento semelhantes em diferentes velocidades e intensidades em quase todos os sentimentos mostrados: as pessoas com autismo era menos capaz de identificar expressões de raiva produzidas em velocidade e intensidade “normais”.

“Quando observamos como os participantes podiam reconhecer expressões de raiva, descobrimos que eram definitivamente os traços autistas que contribuíam, mas não os alexitímicos. Isso sugere que reconhecer a raiva é uma dificuldade específica do autismo”, afirma o pesquisador Connor Keating, principal autor do estudo, citado pelo site de notícias de saúde Medical Xpress.

Curiosamente, a equipe descobriu que os participantes com alexitimia tinham tendência de perceber as expressões como intensamente emocionais e foram mais aptos a dar classificações emocionais mais elevadas, correta e incorretamente.

“Em algum momento você vai conhecer ou encontrar alguém com autismo em algum momento da vida. Para entender melhor como os autistas percebem e entendem o mundo, podemos desenvolver treinamentos e intervenções que ajudem pessoas com autismo e não autistas a superarem barreiras e interagir com sucesso”, comenta Keating, segundo o site especializado.

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