Bem-Estar

Autismo e déficit de atenção elevam risco de morte em jovens, diz estudo

O transtorno do espectro autista e o TDAH levam jovens a morrerem de causas naturais e por acidentes ou suicídio, segundo os cientistas

Por João Paulo Martins  em 20 de fevereiro de 2022

(Foto: Freepik)

 

Jovens com autismo ou transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) têm um risco maior de morrer precocemente por uma série de causas, sugere uma pesquisa de revisão publicada na última segunda (14/2) na revista científica JAMA Pediatrics.

Segundo o site de notícias médicas Medical Xpress, os pesquisadores descobriram que antes da meia-idade, as pessoas com autismo enfrentam taxas de morte acima da média por causas “naturais”, como doenças cardíacas, e “não naturais”, incluindo acidentes e suicídio.

Ao mesmo tempo quem tem TDAH são mais suscetíveis a morrer por acidentes.

Os resultados vêm de uma análise de 27 estudos, envolvendo 642.000 jovens. Doze dos estudos acompanharam os voluntários até a vida adulta. Embora os dados não sejam novos, a revisão serve de alerta para pais e familiares de pacientes com autismo e déficit de atenção, que podem morrem jovens de causas evitáveis.

“Não podemos evitar todas as causas de suicídio. Não podemos evitar todos os afogamentos. Mas algumas dessas mortes são evitáveis”, comenta Alycia Halladay, diretora científica da ONG americana Autism Science Foundation, que não participou do estudo, em entrevista ao Medical Xpress.

Os cientistas da pesquisa recém-publicada salientam que são necessários novos estudos para entender as razões pelas quais os jovens com autismo e TDAH enfrentam maiores riscos de morte. Entre os motivos estão condições de saúde mental coexistentes, como ansiedade, falta de engajamento social, uso de substâncias, distúrbios do sono, má alimentação e obesidade.

Segundo o site especializado, já se sabia que os jovens com autismo correm maior risco de certos tipos de morte, como acidentes, incluindo atropelamento e afogamento. Convulsões fatais são outra causa comum, já que pessoas com autismo mais grave geralmente têm epilepsia.

Um estudo feito na Suécia em 2016 analisou mais de 27.000 pessoas com autismo e 2,7 milhões sem o transtorno. Em média, aqueles com o transtorno morreram 16 anos antes e tiveram maior risco de morte por doenças cardíacas, câncer e suicídio.

Entre as pessoas com autismo leve, a taxa de suicídio foi quase 10 vezes maior que a da população em geral, revela o Medical Xpress.

Os estudos variaram em qualidade, observa Alycia Halladay ao site especializado. “Mas a realidade é que todos eles estão mostrando um padrão consistente”, completa a diretora da Autism Science Foundation.

Em média, pessoas com autismo ou TDAH tiveram mais que o dobro da taxa de mortalidade da população em geral. Entre aqueles com autismo, havia riscos aumentados de causas naturais, como câncer e doenças respiratórias, bem como causas externas, como acidentes e suicídios.

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