Bem-Estar

Acordar muitas vezes à noite pode aumentar risco de morte, diz estudo

Pesquisadores associaram a “excitação cortical”, ou seja, quando adquirimos lucidez durante o sono, a problemas cardiovasculares que aumentam a mortalidade

Por João Paulo Martins  em 20 de abril de 2021

(Foto: Pixabay)

Todos nós acordamos ocasionalmente durante a noite. É o que os cientistas chamam de “excitação cortical”, ou seja, um breve período de lucidez do inconsciente. Um novo estudo associa esses despertares noturnos frequentes a problemas no sistema cardiovascular, podendo levar ao aumento da pressão arterial e resistência à insulina.

A pesquisa foi publicada nesta terça (20/4) no periódico científico European Heart Journal e avaliou 8001 pessoas mais velhas com comorbidades. Por exemplo, 40% das mulheres tinham sobrepeso; 13,7% diabetes; e 60% tinham histórico de hipertensão. Metade dos homens tinha hipertensão; 13% diabetes; e 17% doença arterial coronariana.

Os achados sugerem que há uma ligação entre a carga de excitação do córtex cerebral e a mortalidade por doenças cardíacas e “por todas as causas”. Portanto, o sono ruim pode ser fatal.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), problemas cardiovasculares são a causa número um de morte em todo o mundo, chegando a 17,9 milhões de vítimas todos os anos.

Entendendo o estudo

O artigo recém-publicado foi realizado por pesquisadores da Austrália, Holanda, Dinamarca e EUA e mostra que os riscos de mortalidade decorrentes da excitação cortical se resumem à qualidade do sono, e não ao tempo que você dorme.

Os cientistas salientam que os fatores de risco são a irregularidade do sono; a dificuldade para dormir; e o sono não restaurador. Basicamente, acordar se sentindo pior do que antes de ir para a cama.

Na pesquisa, foram registrados quantos dos participantes morreram e de quê.

Comparando os dados das duas primeiras partes do estudo, 8,4% dos homens e 11% das mulheres faleceram de alguma doença cardiovascular. Na terceira parte, que envolveu quase 5.000 pessoas, foram registradas 987 mortes, incluindo 344 de cardiopatias num período de pelo menos 11 anos.

Os pesquisadores afirmam que “embora a frequência de excitação cortical seja menor nas mulheres do que nos homens, a associação com a mortalidade é mais forte nas mulheres”.

No entanto, eles salientam que não foram levados em consideração qualquer medicação que os participantes tomaram, e os resultados foram obtidos em uma única noite (polissonografia noturna).

Ainda segundo os cientistas, pode haver variações de noite para noite na carga de excitação entre os participantes, e isso pode ter influenciado a associação com a mortalidade por problemas cardiovasculares e por todas as causas.

No artigo, os pesquisadores alertam que novos estudos são necessários para entender mais profundamente a frequência do sono interrompido e como os participantes fazem a transição do sono profundo para o leve, com o objetivo de reduzir a carga de excitação e o risco geral à saúde associado.

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