Alimentação

Vinho tinto deve ser servido em temperatura ambiente?

Especialista fala sobre 5 mitos associados aos vinhos tintos e brancos. Confira!

Por João Paulo Martins  em 06 de março de 2021

Na hora de harmonizar os vinhos, não existe ciência, segundo David Kermode. Basta seguir seu gosto e não vai errar (Foto: Pixabay)

Você gosta de beber vinho? Normalmente os rótulos tintos combinam com noites frias e os brancos com festa na piscina, certo?

Existem vários mitos associados à bebida resultante da fermentação da uva. Algumas pessoas acreditam que os tintos devem ser consumidos em temperatura ambiente, enquanto os brancos precisam ficar um tempo na geladeira.

O escritor inglês David Kermode, jurado do concurso internacional de vinhos Wine & Spirits, fala a verdade por trás desse e de outros mitos relacionados ao mundo da enologia, em artigo publicado no final de fevereiro no jornal britânico The Guardian.

Em relação à qualidade da bebida, não importa se a garrafa tem rolha ou tampa de rosca (Foto: Pixabay)

 

Rolha é melhor que tampa de rosca

 

“A noção de que uma garrafa de vinho deve ter uma rolha para ser de qualidade decente é um absurdo. Alguns dos melhores vinhos que você pode encontrar na Nova Zelândia ou Austrália têm tampas de rosca”, revela o especialista.

Segundo Kermode, enólogos ainda estão aprendendo sobre o potencial de envelhecimento do vinho com tampa de rosca, mas o uso de metal em vez de cortiça é confiável.
 

Harmonização dos vinhos é uma ciência?

 

Quando se trata de combinar comida e vinho, muita gente prefere seguir as “regras” dos sommeliers. Porém, como mostra o escritor inglês no artigo do The Guardian, é preciso “ignorar todas as regras rígidas porque o gosto supera a ciência”.

Por exemplo, para frutos do mar, a acidez é mais importante do que a cor do vinho. “Embora seja difícil encontrar uma harmonização melhor do que um champanhe grand cru para um jantar de peixe e batata, ou um prato de ostras, o peixe é ‘flexível’, então, não tenha medo de experimentar”, diz David Kermode.

No caso das carnes vermelhas, a sabedoria popular sugere um tinto potente, como o malbec e seus taninos marcantes. “Mas adicione um pouco de molho, como um béarnaise, e você verá que um borgonha branco como o viré-clessé funcionará surpreendentemente bem”, sugere o especialista.

Ele também pede que seja ignorada a ideia de que uma tábua de queijos requer vinho tinto ou do porto, porque os rótulos brancos funcionam em muitas combinações. “Experimente o queijo de cabra picante com sancerre ou gorgonzola e roquefort com Tesco Finest Dessert Semillon”.

Nem todo tipo de vinho tinto precisa ser servido em temperatura ambiente, de acordo com o especialista (Foto: Pixabay)

 

Tintos devem ser servidos em temperatura ambiente

 

Embora alguns restaurantes se esforcem para servir seus vinhos na temperatura perfeita, em casa não precisamos “sofrer” na hora de apreciar a bebida. Basta evitar o calor, segundo o escritor inglês.

“Se um vinho ficar muito quente, sua estrutura será afetada, então tente mantê-lo em algum lugar fresco, se puder, especialmente num dia de verão”.

 

Vinho branco deve ser consumido frio

 

A geladeira é ótima para inúmeros produtos, mas a dica do especialista é que beber um vinho branco refrigerado pode “silenciar” a fruta.

“Tente remover a garrafa 15 minutos antes de abrir e você perceberá a diferença. E não presuma que o resfriamento é apenas para brancos, já que alguns tintos mais claros, como beaujolais ou pinot noir, se beneficiarão com um resfriamento curto”, esclarece David Kermode.

Ele afirma que, em caso de emergência, freezer pode ser usado, mas de forma rápida para não congelar a bebida.

“Para manter o vinho fresco, encha o balde de gelo com água até a metade antes de adicionar os cubos e você verá que a isso duplica o resfriamento”.

 

Alguns rótulos de vinho tinto, como os envelhecidos, podem decantar para separar possíveis sedimentos (Foto: Pixabay)

 

Deixe o vinho tinto decantar, para “respirar”

 

Decantar vinhos tintos considerados complexos e mais “fortes”, como um St Emilion grand cru, bem como quaisquer rótulos que foram envelhecidos, costuma ser uma boa ideia para separar quaisquer sedimentos.

“Mas não é para ‘deixá-lo respirar’ porque não o faz sentido. E você também não precisa de um desses decantadores chiques. Uma jarra limpa de vidro fará o mesmo trabalho”, conta Kermode no artigo do The Guardian.

A decantação pode ajudar a adicionar oxigênio ao vinho, o que abre o sabor e o aroma, mas nem sempre é necessária, completa o especialista.

Carregar Mais