Alimentação
Saiba como retirar uma substância tóxica presente no arroz
Grão muito consumido no Brasil possui arsênio, que é cancerígeno, e um método simples criado por cientistas pode ajudar a diminuir a concentração do veneno
Um estudo publicado em fevereiro no periódico científico Science of the Total Environment revela uma forma de cozinhar arroz que remove mais de 50% do arsênio (substância tóxica e cancerígena) que ocorre naturalmente no arroz integral e 74% no arroz branco. O melhor é que o método não reduz os micronutrientes presentes no grão.
Pensando na segurança alimentar de bebês e crianças, que acabam sendo expostos ao arsênio muito cedo, especialmente em países que consomem muito arroz, os cientistas testaram diferentes maneiras de cozinhar o grão para reduzir a quantidade do semimetal tóxico e a que se mostrou mais eficaz é chamada “método de parboilização com absorção (PBA)”.
O método PBA envolve o cozimento do arroz em água pré-fervida por cinco minutos antes de drenar e substituir a água e, em seguida, cozinhá-lo em fogo baixo para absorver todo o líquido.
Como mostra o site americano de notícias científicas SciTech Daily, o arsênio, que é classificado como cancerígeno do Grupo 1, ao lado de amianto e benzeno, pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, é solúvel em água. Por isso se acumula no arroz, que é cultivado em campos inundados.
A constante exposição ao arsênio pode afetar quase todos os órgãos do corpo e causar problemas como lesões de pele, câncer, diabetes e doenças pulmonares.
Segundo o site especializado, o arroz é conhecido por acumular cerca de 10 vezes mais arsênio do que outros cereais. Nos grãos, a substância tóxica está concentrada na camada externa (farelo) que envolve o endosperma. Ou seja, o arroz integral (não moído ou polido) contém mais arsênio do que o branco.
O processo de beneficiamento do arroz branco, o mais consumido, remove o arsênio mas retira também de 75 a 90% dos micronutrientes.
“Nosso objetivo era otimizar o método para remover o arsênio, mantendo o máximo de nutrientes no arroz cozido. O método recém-desenvolvido, PBA, é fácil e adequado para o lar, para que todos possam usá-lo […] Com ele, somos capazes de reduzir significativamente a exposição ao arsênio, ao mesmo tempo que reduzimos a perda de nutrientes essenciais. Recomendamos fortemente essa forma de preparo do arroz para bebês e crianças, pois eles são muito vulneráveis ao arsênio”, diz o pesquisador Manoj Menon, da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, principal autor do estudo, citado pelo SciTech Daily.